Madeira debateu o Estado da Região de olhos postos em Setembro
O último debate do Estado da Região no parlamento madeirense decorreu em tom pré-eleitoral. Governo e PSD falaram do que foi feito, oposição do que ficou por fazer.
Na última vez que, nesta legislatura, o governo regional da Madeira foi ao parlamento madeirense, falou-se de facadas (nas costas) e traições ignóbeis. De caras levantadas e joelhos dobrados. De travestismo político e das plumas de Guida Scarllaty. Chamou-se por Marcelo Rebelo de Sousa e ouviram-se as despedidas (sentidas) da bancada do Bloco de Esquerda. Olhou-se (muito) para o mês de Setembro que aí vem.
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Na última vez que, nesta legislatura, o governo regional da Madeira foi ao parlamento madeirense, falou-se de facadas (nas costas) e traições ignóbeis. De caras levantadas e joelhos dobrados. De travestismo político e das plumas de Guida Scarllaty. Chamou-se por Marcelo Rebelo de Sousa e ouviram-se as despedidas (sentidas) da bancada do Bloco de Esquerda. Olhou-se (muito) para o mês de Setembro que aí vem.
No final de um dia inteiro de debate do Estado da Região, o que ficou foi o governo do social-democrata Miguel Albuquerque a sublinhar o que foi feito nos últimos quatro anos no arquipélago, e a oposição, em bloco, a apontar o que ficou por fazer. Pelo meio, apontou-se para Lisboa, sempre pela mão do executivo e da bancada do PSD.
“Não há maneira de ter um PS que coloque os interesses da população acima dos seus objectivos eleitoralistas”, disse Albuquerque, logo na abertura do debate desta quinta-feira, olhando tanto para os deputados socialistas no Funchal, como para o Governo de António Costa em Lisboa. Um Governo “agiota” que teima em não resolver os dossiers da Madeira, como os juros da dívida, e “falha” no cumprimento das responsabilidades de soberania nas regiões autónomas.
“É o máximo da negligência e do separatismo”, acusou o presidente do governo madeirense, depois de contabilizar em perto de 150 milhões de euros o valor que o Estado deve à região autónoma.
Mesmo assim, continuou Albuquerque, fazendo o balanço dos quatro anos do seu governo, todos os compromissos eleitorais foram “integralmente” cumpridos. Na saúde foram contratados mais de mil profissionais, a taxa de desemprego desceu de 15,8 para 7% em quatro anos, a dívida regional foi reduzida em 1,5 mil milhões de euros, e descongeladas as carreiras dos professores e enfermeiros.
Pouco, disse a oposição. CDS primeiro e PS depois, centraram as críticas na saúde. Victor Freitas, líder parlamentar dos socialistas, foi repetindo os números das listas de espera – 21 mil para cirurgias e 40 mil para consultas –, responsabilizando Albuquerque e Pedro Passos Coelho pelo “pesado” plano de ajustamento que a região autónoma foi sujeita entre 2012 e 2015. Já os centristas, através de Rui Barreto, líder regional do partido, reclamaram a paternidade de algumas das medidas adoptadas pelo executivo.
Mais à esquerda, Bloco e PCP, apontaram o elevado risco de pobreza para concluir que o governo madeirense preocupa-se mais com os grandes empresários do que com os trabalhadores.
Albuquerque devolveu as críticas. Aos comunistas, lembrou o apoio destes ao governo da República – durante o dia, vestem o macacão do proletariado, e à noite as plumas de Guida Scarllty - e ironizou com o bloquista Roberto Almada que, juntamente com o colega de bancada Rodrigo Trancoso, não vai integrar as listas do partido nas regionais de 22 de Setembro. Uma “noiva atraiçoada” pelos pseudo-intelectuais do Bairro Alto e pela nova liderança na Madeira. “Facadas dessas, só o enobrecem”, atirou, depois de comparar o estado da saúde no arquipélago com a realidade no continente. “A Madeira está muito, muito melhor”, concluiu.
Enquanto Gil Canha (independente) falava da “traição ignóbil de Paulo Cafôfo” que derrotou o grupo que quis em 2013 “aproximar a Madeira do mundo civilizado”, e Raquel Teixeira (PTP) se debruçou sobre os números da pobreza, o JPP, pela voz de Carlos Cost, questionou a (in)acção do Presidente da República, quando o Estado não respeitou os direitos dos madeirenses.
Nas intervenções finais, e com as regionais de Setembro no horizonte, e uma real possibilidade de ninguém chegar a uma maioria absoluta, o PSD assumiu-se como o único partido que defende a autonomia (“não dependemos de forças externas à região”, disse Jaime Filipe Ramos), o CDS garantiu que, se for governo nada ficará igual, e o PS insistiu que a Madeira precisa de uma mudança.