Caixa volta atrás e passa a pagar juros abaixo de um euro

Banco público segue orientação do regulador e decidiu suspender medida que iria ser aplicada no próximo mês

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Nuno Ferreira Monteiro

A Caixa Geral de Depósitos aceitou a orientação do Banco de Portugal (BdP) e vai continuar a pagar o valor de juros mesmo que fiquem abaixo de um euro ilíquido. O banco público volta atrás na decisão de reter juros, o que prejudicava essencialmente os pequenos aforradores. “A Caixa Geral de Depósitos tomou boa nota da comunicação efectuada pelo Banco de Portugal”, anunciou esta quinta-feira o banco público. E “em face da expectativa criada, a Caixa decidiu acolher a recomendação sobre a medida que entraria em vigor no dia 1 de Agosto”. 

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A Caixa Geral de Depósitos aceitou a orientação do Banco de Portugal (BdP) e vai continuar a pagar o valor de juros mesmo que fiquem abaixo de um euro ilíquido. O banco público volta atrás na decisão de reter juros, o que prejudicava essencialmente os pequenos aforradores. “A Caixa Geral de Depósitos tomou boa nota da comunicação efectuada pelo Banco de Portugal”, anunciou esta quinta-feira o banco público. E “em face da expectativa criada, a Caixa decidiu acolher a recomendação sobre a medida que entraria em vigor no dia 1 de Agosto”. 

A polémica e inédita medida, que entraria em vigor no dia 1 de Agosto, levou o BdP a manifestar à instituição liderada por Paulo Macedo o desagrado pela iniciativa, que discriminava negativamente os pequenos depósitos e era potenciadora de criar desconfiança no sistema bancário, para além de desincentivar a pequena poupança, tão importante para uma grande número de famílias.

A decisão de reter os valores de juros inferiores a um euro, acompanhada da redução da taxa de juro de alguns depósitos, entre os quais algumas contas reformado, também já tinha sido contestada pelo Deco e pelo Bloco de Esquerda que questionou o Governo sobre a decisão.

O banco público justificou a medida “por razões de natureza de eficiência operacional e não tanto por razões de rentabilidade”. A instituição, que lucrou perto de 500 milhões de euros em 2018, acrescentou: “procurava-se minimizar o elevado número de lançamentos, muitas vezes dando origem a comunicação escrita, de montantes de baixa materialidade para os clientes. Exemplo: Depósito de 5.000 euros, a 6 meses, o juro líquido será de 0,27 euros”. 

Apesar de ter anunciado uma redução de 70% em vários depósitos, designadamente os depósitos de taxa fixa Caixapoupança Reformado, Caixapoupança Emigrante e Caixapoupança Superior, entre outros, que passaram de 0,05% para 0,015%, a Caixa diz em comunicado que “é o principal banco promotor do aforro de clientes particulares”. E faz ainda notar que “tem uma remuneração nos depósitos superior à média do mercado, quer no stock de poupanças quer em novas constituições, designadamente para as maturidades a seis meses.”

Em resposta a questões colocadas pelo PÚBLICO, a instituição liderada por Paulo Macedo alegou na semana passada que “a Caixa ajusta a oferta de depósitos regularmente, relativamente a prazos disponíveis, condições de acesso, taxas de juro e moedas”, e que “a evolução das taxas de juro dos depósitos segue em grande medida a evolução das taxas de mercado e dos custos de funding[financiamento] da Caixa”.

Sem revelar o número de clientes que iriam ser directamente afectados pelo corte de juros, a instituição, que apresentou lucros de 500 milhões de euros em 2018, adiantou então que tem taxas de juros um pouco mais atractivas para depósitos mais elevados ou para clientes com maior envolvência com o banco. “Actualmente, a Caixa oferece um Depósito a 1 ano em euros (Depósito Caixa 1 Ano com TANB-Taxa Anual Nominal Bruta  de 0,025% para valores a partir de 10 mil euros) e um Depósito a 3 anos em euros (TANB média de 0,037%) exclusivamente para clientes detentores de uma Conta Caixa (solução multiproduto da Caixa que oferece o acesso a um conjunto de produtos e serviços com vantagens para os clientes) ou de cartão de crédito”, avança a instituição.

A CGD sustentou ainda que “oferece outros produtos de investimento e poupança, para além de contas a prazo e poupança, nomeadamente Fundos de Investimento e de Pensões, Seguros Financeiros e PPR”. Acrescentando que “as diferentes opções de investimento dirigem-se a diferentes perfis de clientes, no que se refere essencialmente ao horizonte temporal de investimento e à preferência por rentabilidade esperada ponderada pelo risco”, motivo por que a Caixa diz que disponibiliza aos seus clientes “um questionário de perfil de investidor, que lhes permite aferir a sua tipologia de investimento e assim adequar as suas escolhas”.