Maria do Céu Guerra reconhecida em festival balcânico como Melhor Actriz da Europa
Actriz portuguesa foi premiada pelo Festival Internacional de Teatro – Actor of Europe, nos Balcãs. “Aos 75 anos, é uma das mais extraordinárias actrizes do teatro português e a alma da companhia teatral independente A Barraca”, sublinhou o comité de premiação.
A actriz portuguesa Maria do Céu Guerra foi reconhecida como melhor Actriz da Europa pelo Festival Internacional de Teatro – Actor of Europe, revelou esta quarta-feira a companhia teatral A Barraca. A actriz receberá o prémio no sábado, na abertura daquele festival, que decorrerá no Lago de Prespa, nos Balcãs, na fronteira entre a Macedónia, a Albânia e a Grécia.
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A actriz portuguesa Maria do Céu Guerra foi reconhecida como melhor Actriz da Europa pelo Festival Internacional de Teatro – Actor of Europe, revelou esta quarta-feira a companhia teatral A Barraca. A actriz receberá o prémio no sábado, na abertura daquele festival, que decorrerá no Lago de Prespa, nos Balcãs, na fronteira entre a Macedónia, a Albânia e a Grécia.
O prémio de honra “Actress of Europe” é atribuído desde 2003 por um comité para reconhecer o percurso artístico de uma personalidade do teatro e o contributo criativo para a memória colectiva da civilização europeia, lê-se na página oficial do festival. “Aos 75 anos, é uma das mais extraordinárias actrizes do teatro português e a alma da companhia teatral independente A Barraca”, sustenta o comité, presidido por Jordan Plevnes.
Em comunicado, A Barraca refere que este prémio “reconhece o enorme mérito de trabalho teatral e humanista de uma das figuras maiores do teatro e da cultura em Portugal”. Maria do Céu Guerra de Oliveira e Silva nasceu em Lisboa, a 26 de Maio de 1943, frequentou a licenciatura de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, período em que começou a interessar-se pelo teatro, e fez parte do grupo fundador da Casa da Comédia.
A actriz estreou-se nesta companhia, em 1965, na peça Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros, encenada por Fernando Amado. Nos cinco anos seguintes, profissionalizou-se no Teatro Experimental de Cascais, onde participou num vasto conjunto de peças dirigidas por Carlos Avilez, das quais se destacam Esopaida, de António José da Silva, Auto da Mofina Mendes, de Gil Vicente, A Maluquinha de Arroios, de André Brun, A Casa de Bernarda Alba e Bodas de Sangue, de Federico García Lorca, ou D. Quixote, de Yves Jamiaque.
Na década de 1970, participou em vários elencos de teatro de revista e de comédia, tendo colaborado com Laura Alves e Adolfo Marsillach, na peça Tartufo, de Moliére, e regressado à Casa da Comédia, onde trabalhou com Morais e Castro e Luís de Lima. Após do 25 de Abril, fez parte do grupo fundador do Teatro Àdóque-Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, logo em 1974, e, no ano seguinte, fundou a companhia de teatro A Barraca, onde desde então tem centrado a sua actividade teatral.
Nesta companhia realizou várias digressões em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente no Brasil, tendo feito parte dos elencos de peças como D. João VI (1978), de Hélder Costa, Calamity Jane (1986), com textos, adaptação e dramaturgia da actriz e de Hélder Costa, A Cantora Careca (1992), de Eugene Ionesco, e O Avarento (1994), de Molière, entre outras.
Em Agosto de 1985, foi distinguida como Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e, nove anos depois, recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2006, estreou, no Teatro de Pesquisa A Comuna, Todos os que Caem, de Samuel Beckett, com encenação de João Mota, interpretação que lhe valeu um Globo de Ouro SIC/Caras.
O desempenho no filme Os Gatos não têm Vertigens (2015), de António-Pedro Vasconcelos, valeu-lhe um Globo de Ouro de Melhor Actriz de Cinema e o Prémio Sophia para a melhor actriz. No cinema estreou-se em O Mal-Amado (1974), de Fernando Matos Silva, tendo participado também em Crónica dos Bons Malandros (1984), de Fernando Lopes, A Moura Encantada (1985), de Manuel Costa e Silva, Saudades para Dona Genciana (1986), de Eduardo Geada, Os Cornos de Cronos (1991), de José Fonseca e Costa, e O Anjo da Guarda (1998), de Margarida Gil, entre outros.
Na televisão, além da peça O Pranto de Maria Parda (1998), de Gil Vicente, participou em séries e telenovelas como Residencial Tejo (1999-2002), Vamos Contar Mentiras (1985), Jardins Proibidos (2014-2015), e A Impostora (2016), entre outras, assim como na adaptação de Calamity Jane (1987), pelo realizador Hélder Duarte. Em Janeiro deste ano venceu o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.
Esta quinta-feira, a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, felicitou a actriz e encenadora, “não só pelo seu percurso artístico mas também pelos valores humanistas da sua intervenção pública”, sublinhando que “os gestos, o rosto e a voz de Maria do Céu Guerra têm acompanhado ao longo de décadas de carreira o público português, seja no teatro, no cinema ou na televisão”.