Explorando o Death Grip vencedor de Diana Policarpo, no MAAT
A artista audiovisual Diana Policarpo foi a grande vencedora do Prémio Novos Artistas EDP com uma instalação imersiva minimal com inspiração na região dos Himalaias. No rescaldo do anúncio do vencedor, Diana Policarpo desvenda um pouco mais sobre a obra em exibição.
A instalação vencedora de Diana Policarpo é o resultado de um processo de investigação que durou cerca de um ano e passou pela Índia e pelo Nepal. Desde o início do processo de concepção da obra, especificamente no âmbito da exposição Prémio Novos Artistas Fundação EDP, a artista desejou “fazer uma composição acompanhada de uma narração”, sendo a voz que ouvimos na peça a da própria artista, e conceptualizar uma obra “site-specific, minimalista”, em diálogo com a arquitectura do espaço atribuído.
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A instalação vencedora de Diana Policarpo é o resultado de um processo de investigação que durou cerca de um ano e passou pela Índia e pelo Nepal. Desde o início do processo de concepção da obra, especificamente no âmbito da exposição Prémio Novos Artistas Fundação EDP, a artista desejou “fazer uma composição acompanhada de uma narração”, sendo a voz que ouvimos na peça a da própria artista, e conceptualizar uma obra “site-specific, minimalista”, em diálogo com a arquitectura do espaço atribuído.
Death Grip é uma instalação multimédia, composta por 15 canais de áudio, dois ecrãs que exibem animações em 3D e esculturas que funcionam de forma harmoniosa com a composição electroacústica que usa o som e a vibração como efeito interactivo com a audiência. As esculturas, juntamente com a alteração de temperatura da sala e a luz fria, apelam a um reposicionamento da paisagem nepalesa inóspita dentro do âmbito do museu. Esta alteração das condições sensoriais da sala onde se encontra a obra é um dos elementos mais importantes para a artista, que as vê como “uma intervenção forte no espaço”.
Este é um sítio onde não é necessariamente agradável estar, mas que confronta o espectador com uma realidade ao mesmo tempo humana e alienígena – a primeira, personificada pelo trabalho das mulheres na apanha e exploração do fungo Cordyceps, repleto de propriedades medicinais, terapêuticas e farmacológicas, e a segunda, pelo próprio comportamento do fungo, a forma como expande e se ocupa do espaço e do seu hospedeiro. Ao mesmo tempo, esta instalação tem como objectivo tornar evidente o paralelismo entre a comunidade de trabalhadores e o fungo que é explorado, sendo que são histórias de sobrevivência num ambiente hostil.
Tanto a composição sonora como a visual foram pensadas como forma de “acompanhar o ciclo do fungo”. É daí que advém a sua ideia de trabalhar com canais de áudio independentes, percorrendo a sala, que espelhem o “elemento importante da contaminação”, diz a artista. As animações em 3D que utiliza são também uma forma de sublinhar a artificialidade do gesto de trazer um ambiente natural para dentro de um espaço museológico.
A curadora de Diana Policarpo, Inês Grosso, salienta que a obra Death Grip é apenas “o primeiro capítulo de um tema que a Diana irá retomar certamente”. Tanto ela como a artista sublinham a riqueza da temática e a abundância de questões que ainda podem ser abordadas relativamente à exploração deste fungo, sejam estas questões ambientais ou sobre o impacto do capitalismo na paisagem e nas vidas locais. Há, ainda, outros elementos já desenvolvidos que a artista deseja retomar, sejam desenhos, escritos ou filmagens que não utilizou no contexto desta exposição e aos quais gostaria de dar continuidade.
Natxo Checa, director artístico da Galeria Zé dos Bois e membro do júri internacional que escolheu o vencedor deste prémio, destaca o aspecto imersivo da obra de Diana Policarpo e a desenvoltura do vocabulário já muito próprio da artista, bem como o “display sonoro, seja porque está espalhado pelo espaço, seja pela matéria de som em si, pela composição”.
A exposição do Prémio Novos Artistas Fundação EDP, inaugurada durante a feira internacional de arte contemporânea ARCOlisboa, fica patente até Setembro deste ano, na galeria da Central 1, do MAAT.
Diana Policarpo é a vencedora entre outros cinco finalistas: Henrique Pavão, AnaMary Bilbao, Mónica de Miranda, Dealmeida Esilva e Isabel Madureira Andrade, que recebeu uma menção honrosa do júri.
O Prémio Novos Artistas Fundação EDP, inaugurado em 2000, já distinguiu criadores como Joana Vasconcelos, Vasco Araújo, Leonor Antunes, Mariana Silva ou João Maria Gusmão e Pedro Paiva.
A série de apresentação dos finalistas do Prémio Novos Artistas tem o apoio