Uma aeronave “inteligente” para ajudar no combate a incêndios
Projecto Firefront é uma parceria de seis entidades portuguesas e ainda está em fase de desenvolvimento. A aeronave terá um sistema capaz de detectar focos de incêndio e fazer uma previsão da evolução das frentes do fogo
Uma equipa de investigadores está a desenvolver uma tecnologia para melhorar a detecção, acompanhamento e acção de combate a fogos. O projecto Firefront é resultado de uma parceria de seis entidades: o Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto Superior Técnico de Lisboa (ISR/IST), a Força Aérea Portuguesa, a empresa UAVision, o Aeroclube de Torres Vedras, o Instituto de Telecomunicações, a Associação para o Desenvolvimento da Aeronáutica Industrial.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Uma equipa de investigadores está a desenvolver uma tecnologia para melhorar a detecção, acompanhamento e acção de combate a fogos. O projecto Firefront é resultado de uma parceria de seis entidades: o Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto Superior Técnico de Lisboa (ISR/IST), a Força Aérea Portuguesa, a empresa UAVision, o Aeroclube de Torres Vedras, o Instituto de Telecomunicações, a Associação para o Desenvolvimento da Aeronáutica Industrial.
Segundo o comunicado do ISR, o Firefront utiliza “sistemas de observação inteligentes para optimizar a informação das forças de combate a incêndio”. Surgiu no âmbito da chamada da Fundação para a Ciência e Tecnologia, em 2017, para projectos de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, conta ao PÚBLICO o responsável, Alexandre Bernardino.
Portugal enfrenta um problema de falta de meios de combate a incêndios florestais. Por isso, é importante que os meios disponíveis sejam utilizados de forma eficiente. “Foi identificada a necessidade de haver uma ferramenta que mostre em tempo real a localização e a previsão de progressão de frentes de incêndio para apoiar as forças de combate ao incêndio na tomada de decisão”, explica o professor do IST.
Alexandre Bernardino esclarece que o Firefront “não serve para alertar as autoridades”, mas sim para as “apoiar durante o combate ao incêndio”. A utilização do sistema só será feita depois de detectado o incêndio e tendo sido verificado que “a sua extensão ou índice de risco requerem informação geográfica mais rica” para as forças no terreno poderem operar de uma forma mais decisiva.
Para a recolha de informação, o Firefront utiliza um veículo aéreo, tripulado ou não, “dotado de um sistema de câmaras” no espectro do visível e do infravermelho. Estas últimas permitem recolher “informação valiosa e complementar”, pode ler-se no comunicado, uma vez que permitem “ver” os focos de incêndio, mesmo em condições de visibilidade reduzida provocadas pelo fumo.
A utilização de veículos aéreos não tripulados – drones – na prevenção e combate de incêndios não é novidade. Em Janeiro, soube-se até que a Força Aérea, um dos parceiros do projecto, tira proveito da tecnologia. A inovação do Firefront é o “mapeamento exacto” das imagens, “a detecção e sinalização automática de focos de incêndio”, e ainda a “previsão da evolução das frentes de incêndio”.
A aeronave sobrevoa a área de incêndio “a uma altitude superior” à dos outros veículos aéreos de combate, e recolhe imagens que são depois processadas para mapear o incêndio em coordenadas geográficas. Em função das condições atmosféricas, é executada uma “previsão da progressão” do fogo, que é depois colocada num “sistema de informação geográfica” para apoiar as forças de combate.
Alexandre Bernardino adianta que a ideia é que o subsistema de mapeamento para as coordenadas do terreno e de previsão da progressão “seja autónomo”. O Firefront só precisará, assim, de suporte humano nas acções de “descolagem, pilotagem ou monitorização de voo e aterragem”.
Para já, o Firefront ainda está na fase de recolha de dados: “o projecto tem quatro meses de trabalho, e tem pela frente 32 meses para completar o sistema”, avança Alexandre Bernardino.
O projecto foi aprovado em finais de 2018 e foi iniciada a execução em Março deste ano. Desde então, “ainda só foi possível fazer uma recolha de dados em exercícios simulados”, sujeitos a estudos para evoluir os métodos do sistema. “Durante este Verão pretende-se fazer novas recolhas de dados, eventualmente em situações reais de combate”, admite o responsável, apontando para o final de 2020 o fim da fase de testes e demonstrações de operação em 2021, “primeiro em simulações e depois em situação real”.
No comunicado, o IST informa ainda que está a ser desenvolvida uma base de dados “a nível mundial”, com “sequências de imagens de fogos florestais em coordenadas georreferenciadas”, que vai estar disponível publicamente para mobilizar “futura investigação na área”.
Texto editado por Andrea Cunha Freitas