Encontro Ciência 2019 quer mostrar “ciência feita por todas as idades, tanto meninas como meninos”
Na sétima edição do evento, a organização preocupou-se em conseguir “maior equilíbrio entre géneros” e em incentivar a participação dos mais novos.
Aos 40 anos, a astrobióloga e comissária do Encontro Ciência 2019, Zita Martins, personifica aquilo que quis trazer para o evento: a participação de mais mulheres e mais jovens. “Tivemos o cuidado de ter um maior equilíbrio entre géneros”, disse a cientista aos jornalistas durante a apresentação da sétima edição do encontro que se realiza entre 8 e 10 de Julho, em Lisboa.
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Aos 40 anos, a astrobióloga e comissária do Encontro Ciência 2019, Zita Martins, personifica aquilo que quis trazer para o evento: a participação de mais mulheres e mais jovens. “Tivemos o cuidado de ter um maior equilíbrio entre géneros”, disse a cientista aos jornalistas durante a apresentação da sétima edição do encontro que se realiza entre 8 e 10 de Julho, em Lisboa.
Na agenda do encontro estão seis sessões plenárias protagonizadas por 12 oradores que trabalham em Portugal e no Reino Unido, o país convidado. Cinco serão dedicadas à celebração de uma efeméride: os 100 anos da expedição de Arthur Eddington a São Tomé e Príncipe; os 100 anos da União Astronómica Internacional; os 50 anos da primeira aterragem humana na Lua; os 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães; e os 150 anos da criação da Tabela Periódica.
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Uma das sessões plenárias não servirá para assinalar qualquer efeméride. Em vez disso, subordina-se ao tema da “Transformação Digital, Inteligência Artificial e Competências Digitais”. Cristina Fonseca, da Talkdesk, e Vasco Pedro, da Unbabel, serão convidados para o debate. Ao seu lado, estarão duas estudantes. “Quisemos mostrar que a ciência é feita por todas as idades, tanto meninas como meninos”, sublinha Zita Martins.
Há outras 121 sessões paralelas, que vão ser abertas por jovens que participaram em projectos da Ciência Viva ao longo do ano e vão apresentá-los.
Ainda durante o evento, a Ciência Viva promove a apresentação de projectos desenvolvidos por estudantes do ensino básico, secundário e superior. Algumas dessas ideias são, por exemplo, a requalificação de subprodutos das queijarias, a criação de um ecoponto inteligente e a produção de bioplástico. Os cerca de 4000 participantes esperados no evento poderão votar nestas ideias ao longo dos três dias. O valor dos prémios será proporcional ao número de votos.
Onze medalhas de mérito
Durante o encontro, vão ser atribuídas medalhas de mérito científico a “homens e mulheres na fase final da sua carreira científica”, explicou o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. Os premiados serão os cientistas Jorge Calado, Maria João Saraiva, António Firmino da Costa, Helena Santos, Luís Moniz Pereira, Cecília Leão, Manuel Nunes da Ponte e Deolinda Lima.
E há outras três distinções “dedicadas a pessoas que divulgam a cultura científica”. Nomeadamente, Luís Ferro Pereira, presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Paulo Fernandes, presidente da câmara do Fundão, e Raquel Gaspar, bióloga fundadora do projecto Ocean Alive.
Tempo de balanço
Uma vez que este é o último Encontro Ciência 2019 antes do fim da legislatura, o ministro da Ciência diz que será tempo de balanços do que foi feito e daquilo que ficou por fazer.
Por um lado, diz Manuel Heitor, “houve um crescimento da despesa privada em investigação e desenvolvimento”. “Em dois anos, a despesa privada ultrapassou a despesa pública” nesta vertente, acrescenta. Além disso, “inverteu-se o cenário do emprego científico” com o aumento das contratações de doutorados pelas empresas. Sobre o que ainda está por fazer, o governante diz que se “cumpriu a meta dos 5000 contratos” entre doutorados e empresas, mas agora é preciso garantir “o acesso às carreiras”.
Num artigo de opinião escrito no PÚBLICO, o físico Carlos Fiolhais critica o evento a que chama um “encontro de propaganda governamental”. “O governo vai comparecer em força no ‘encontro dos investigadores’, mas entre os investigadores não vejo o mínimo entusiasmo”, diz o cientista. Ao mesmo tempo, Fiolhais contrapõe os argumentos de Manuel Heitor: “Antes de se retirar para a vida académica [o ministro], virá realçar as estatísticas recentes do investimento em ciência e tecnologia. Contudo, um facto indesmentível é que, nesta área, a legislatura ficou, muito aquém do que se esperava. Entre 2015 e 2019 a percentagem do PIB afecta ao sector passou de 1,24% para apenas 1,37%. A média europeia é 2,1%, isto é, estamos no pelotão de trás. Já estivemos bem melhor: em 2009, o valor foi 1,64%.”
Quanto ao emprego científico, o físico escreve que “é verdade que houve alguns progressos na transformação de bolsas em contratos e na contratação de algumas pessoas pelas universidades”, mas também diz que parece trata-se de “uns quantos contratos a prazo agora, ninguém sabendo como será amanhã”.