Santana Lopes contra “política do sofá” para evitar maioria absoluta do PS

Líder da Aliança percorre país em roteiros temáticos. Ambiente foi a primeira bandeira, erguida em Setúbal, com vista para as dragagens.

Foto
Pedro Santana Lopes Nuno Ferreira Santos

Santana Lopes está na rua, em “roteiros temáticos” pelo país, para resgatar as pessoas da “política do sofá” e evitar uma maioria absoluta do PS, que, no seu entender, seria má para Portugal. “Espero, principalmente, que não sejam roteiros rotineiros, que não façamos o mesmo do costume”, disse o presidente da Aliança nesta terça-feira ao PÚBLICO, após a primeira iniciativa do programa, para um dia inteiro, em Setúbal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Santana Lopes está na rua, em “roteiros temáticos” pelo país, para resgatar as pessoas da “política do sofá” e evitar uma maioria absoluta do PS, que, no seu entender, seria má para Portugal. “Espero, principalmente, que não sejam roteiros rotineiros, que não façamos o mesmo do costume”, disse o presidente da Aliança nesta terça-feira ao PÚBLICO, após a primeira iniciativa do programa, para um dia inteiro, em Setúbal.

O Ambiente é o primeiro dos oito temas dos roteiros e arrancou em Setúbal, região com “questões ambientais complexas”, à volta das dragagens, com a estratégia de ouvir todas as partes. “Não fazemos política por tambores ou por foguetes, não é pelo barulho que fazemos”, explica Santana Lopes.

Após a reunião na Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), onde foi recebido pela presidente, Lídia Sequeira, o líder da Aliança disse não estar ainda esclarecido, mas que ficou um pouco mais tranquilo sobre as dragagens. “Foi-me dito que o ruído [da draga] vai ser muito inferior ao que é o ruído das embarcações turístico-marítimas, e com o ruído ficámos mais sossegados. Mas sobre as consequências das dragagens eu aprendi na Figueira da Foz que é muito difícil ter a certeza”.

“Há interesses contraditórios e há que optar, tentar conciliar, tanto quanto possível, tudo o que está em presença. A posição de princípio da Aliança é o desenvolvimento económico, que não deve sacrificar os recursos naturais, que importa proteger”. Sem se comprometer com uma resposta definitiva, que é uma “posição a definir” pela estrutura distrital do partido - “a Aliança funciona assim, não é o presidente ou a direcção nacional que ditam qual é a posição sobre o porto de Setúbal e sobre os projectos aqui existentes” -, Santana Lopes mostra compreensão pela importância das obras no Sado.

“Não posso ser insensível à importância do crescimento da actividade do porto de Setúbal e acho que as pessoas, nomeadamente aqui de Setúbal, também não o serão, que gostariam de ver o seu porto reforçado. Outra coisa é o acompanhamento e monitorização das consequências disto [das dragagens]. Nesse sentido, a Aliança apelará a um trabalho conjunto com as várias partes aqui envolvidas”, sintetiza.

Com os roteiros temáticos, Santana Lopes pretende “ir à procura” de levantar as pessoas da “política do sofá”, com “iniciativas inéditas” e abordando os “problemas reais do país”. E dá um exemplo, na área da Saúde, em que “todos [os políticos] visitam hospitais”. “Eu não quero visitar hospitais e ouvir administrações, quero ir ter com os doentes, com as pessoas que não têm médico de família, quero ouvi-los, demonstrar aos portugueses que podem falar comigo e connosco aquilo que normalmente não se fala na política”, afirma.

O antigo primeiro-ministro admite, no entanto, que a mensagem não ponha toda a gente a participar. “Os oito temas farão mexer algumas pessoas, mas não temos a pretensão de pensar que todos os que fazem política no sofá se levantarão, porque há muita gente muito magoada e muito desiludida”.

Listas sem “preconceitos etários”

O partido pretende concorrer “em todos” os círculos eleitorais “sozinho ou em coligação, que ainda está a ser admitida”, e as listas, que classifica como de “grande renovação política”, em que “a esmagadora maioria são pessoas que não têm tido intervenção política”, devem estar fechadas “até ao fim da semana que vem”.

Em matéria de listas, o antigo militante do PSD não resiste a indirectas às opções de Rui Rio e à polémica sobre as ligações familiares no Governo PS. “Não temos preconceitos etários. Por exemplo, no Porto, o cabeça de lista tem 35 anos e o de Lisboa, que sou eu, tem 63 anos. O aqui de Setúbal tem 53 anos. Têm de ser é pessoas capazes e com a vida profissional própria, que não dependam da vida política para as suas famílias viverem. Isso não queremos”, atira.

O líder da Aliança acha “um pouco estranha” a “pressa inopinada” do Governo, em aprovar leis estruturantes no final da legislatura e “mudando de parceiro como quem muda de camisa, ora vira à esquerda, ora vira à direita”. “Quase seria melhor a Assembleia fechar para férias mais cedo, se é para continuarem assim”.

Já uma eventual maioria absoluta do PS seria “uma derrota para todos”, diz. Para a Aliança e “para todos os outros” que, para Santana Lopes, “às vezes entregam os pontos cedo demais”. “Nós não entregamos pontos, vamos lutar e desenhar a melhor estratégia, de coligação ou não, para evitar isso [maioria abosluta do PS]”, porque “não seria nada bom para Portugal”, defende, embora assegure estar “muito convencido de que não irá acontecer”.