Sassoli: ex-jornalista famoso em Itália, político pouco conhecido na Europa
Novo presidente do Parlamento Europeu passou pela imprensa escrita e televisiva italiana antes de saltar para a política. Membro do PD desde a fundação, é eurodeputado há 10 anos.
Para a grande maioria dos cidadãos europeus, o nome David-Maria Sassoli não dizia grande coisa até ter sido eleito esta quarta-feira como novo presidente do Parlamento Europeu. Mas em Itália, porém, é um homem famoso. Não porque este eurodeputado do Partido Democrático (PD) tenha marcado intensamente a agenda política ou sido pioneiro de uma nova escola de pensamento político no seu país. Mas essencialmente pelo seu antigo emprego, que lhe garantia uma presença diária nos ecrãs televisivos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Para a grande maioria dos cidadãos europeus, o nome David-Maria Sassoli não dizia grande coisa até ter sido eleito esta quarta-feira como novo presidente do Parlamento Europeu. Mas em Itália, porém, é um homem famoso. Não porque este eurodeputado do Partido Democrático (PD) tenha marcado intensamente a agenda política ou sido pioneiro de uma nova escola de pensamento político no seu país. Mas essencialmente pelo seu antigo emprego, que lhe garantia uma presença diária nos ecrãs televisivos.
Entre 2006 e 2009, Sassoli, jornalista de profissão, era apresentador do principal telejornal da RAI, a estação televisiva pública italiana que o acolheu em 1992. Foi com essa visibilidade e exposição pública que conseguiu 412.500 votos na circunscrição de Itália Central, nas eleições para o Parlamento Europeu de 2009 – pelas listas do PD. Um recorde no país.
Casado, pai de dois filhos, David Sassoli nasceu em 1956, em Florença, no seio de uma família católica. Cresceu, no entanto, em Roma, onde esteve envolvido no movimento político democrata-cristão e se licenciou em Ciência Política.
Iniciou a carreira de jornalista em publicações da sua cidade natal e ganhou nome e reputação durante os sete anos que escreveu sobre política no diário Il Giorno. Em 1992 entrou na RAI, onde foi jornalista, repórter, apresentador e subdirector do telejornal.
A convite do então presidente da Câmara de Roma, Walter Veltroni, juntou-se ao recém-formado PD, em 2007, e entrou na política activa dois anos depois, candidatando-se ao Parlamento Europeu.
Moderado, discreto, próximo da ala centrista do PD e leal ao sentido de voto do grupo dos Socialistas e Democratas em Estrasburgo e Bruxelas – acompanhou o S&D em 98% das votações, segundo o site EU Observer – fez parte do comité de Transportes e Turismo e foi eleito vice-presidente do Parlamento Europeu em 2014 e em 2017. Pelo meio, falhou uma candidatura à Câmara de Roma, em 2012.
Enquanto parlamentar europeu, destacou-se na defesa de maior transparência na atribuição de subsídios aos eurodeputados, na consciencialização sobre as más práticas ambientais do Parlamento Europeu e quando, enquanto vice-presidente, retirou a palavra a um eurodeputado polaco numa sessão plenária por utilização de “linguagem racista”.
Sucessivamente reeleito eurodeputado – mesmo que a perder votos, numa Itália mais virada para a Liga (extrema-direita) e para o Movimento 5 Estrelas (anti-sistema) – David-Maria Sassoli chega, aos 63 anos, ao mais alto cargo do Parlamento Europeu.