Goethe Institut em festa com “o lado menos conhecido do jazz na Europa”
A 15.ª edição do Jazz im Goethe-Garten começa esta quarta-feira e termina dia 12, com seis concertos onde se pretende mostrar um jazz menos ligado a estéticas convencionais. Nos jardins do Goethe-Institut de Lisboa, sempre às 19h.
Seis concertos, seis dias, seis grupos, seis países: a 15.ª edição do Jazz im Goethe-Garten começa esta quarta-feira nos jardins do instituto alemão, o Goethe-Institut de Lisboa, com um cartaz que, segundo o seu programador, Rui Neves, quer “dar a conhecer o lado menos conhecido do jazz na Europa.” Os concertos são sempre às 19h, às quartas, quintas e sextas. Começa com um quarteto português, Cat In a Bag, e encerra dia 12 com um quarteto alemão, Philm. Pelo meio, actuarão o Dave Gisler Trio (dia 4), Synesthetic 4 (dia 5), Ghost Trio (dia 10) e Cyrera & Lencastre (dia 11).
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Seis concertos, seis dias, seis grupos, seis países: a 15.ª edição do Jazz im Goethe-Garten começa esta quarta-feira nos jardins do instituto alemão, o Goethe-Institut de Lisboa, com um cartaz que, segundo o seu programador, Rui Neves, quer “dar a conhecer o lado menos conhecido do jazz na Europa.” Os concertos são sempre às 19h, às quartas, quintas e sextas. Começa com um quarteto português, Cat In a Bag, e encerra dia 12 com um quarteto alemão, Philm. Pelo meio, actuarão o Dave Gisler Trio (dia 4), Synesthetic 4 (dia 5), Ghost Trio (dia 10) e Cyrera & Lencastre (dia 11).
O Jazz im Goethe-Garten (JiGG) tem origem no EuroJazz, iniciativa da Comunidade Europeia que se realizou em Tomar, em 2004, e onde se juntaram 15 a 15 grupos de vários países europeus. Em 2005, segundo Rui Neves, “o então director do Goethe quis continuar essa ideia e deu-lhe o nome de Jazz im Goethe-Garten, porque na altura o jardim estava convertido num parque automóvel da embaixada alemã.” Nesse lugar, nasceu o actual jardim, com capacidade para 200 a 300 pessoas.
Para lá dos cânones
A justificar as suas escolhas, Rui Neves recorda que “o jazz é uma linguagem universal”: “Há o jazz americano, que também tem os seus ‘desvios’ estéticos, mas na Europa essa mensagem do jazz universal tem tido um grande eco. Se recuarmos aos tempos de antanho, temos o Django Reinhardt [1910-1953], que foi na altura de uma grande originalidade.” E houve, em todas as épocas, cruzamentos com outros géneros musicais: “O jazz sempre foi uma música ‘bastarda’, sempre se apropriou doutras. Começou com as canções da Broadway e hoje em dia a apropriação reporta-se às músicas de agora, ao rock, ao rap, à música electrónica, coisas assim”. Voltando ao JiGG: “A ideia que preside às programações é a de dar a conhecer músicos contemporâneos, de ideias mais abertas e que não se regem pelos cânones. Um ponto muito importante é que não se apresentam estéticas convencionais, há sempre um certo desvio, plenamente assumido.”
Cat In a Bag será, diz, uma estreia em Portugal. “É constituído por membros do sexteto Slow Is Possible, um grupo que teve um certo sucesso nos últimos dois anos. Os músicos nem sequer estão a residir em Portugal, um está na Holanda e outro em Berlim. É muito original. Quem conhecer a música dos Slow Is Possible poderá encontrar pontos de contacto, mas não são convencionais.” O quarteto, que abre a 15.ª edição do JiGG, é constituído por Bruno Figueira (saxofone alto), João Clemente (guitarra eléctrica, ímanes), João Lucas (baixo eléctrico) e Duarte Fonseca (bateria).
Psicadelismo e electrónica
Dia 4 vem da Suíça o Trio de Dave Gisler (guitarra eléctrica), com Raffaele Bossard (contrabaixo) e Lionel Friedli (bateria) “Dave Gisler estudou com Kurt Rosenwinkel, um importante guitarrista do jazz actual, mas o que ele faz já leva mais longe esses ensinamentos. Em trio, faz uma música exploratória, com erupções e momentos de calma, pode dizer-se que tem uma marca psicadélica.”
A finalizar esta semana, actuarão no dia 5 de Julho os Synesthetic 4, de Viena de Áustria, quarteto constituído por Vincent Pongracz (clarinete), Peter Rom (guitarra eléctrica), Manu Mayr (baixo eléctrico, contrabaixo) e Andreas Lettner (bateria) “Para já, o solista é um clarinetista, o que é muito raro ver agora”, diz Rui Neves. “E eles exploram uma certa forma de rap, mas como apontamento. São todos músicos belíssimos, penso que será uma surpresa para o nosso público.”
A última semana do JiGG começa dia 10 com o Ghost Trio, de Itália. “Neste caso, a música é mais improvisada, herança do free jazz e de vários tipos de improvisação. É constituído por uma contrabaixista de referência, Silvia Bolognesi, actualmente ligada à cena de Chicago (faz parte da formação actual do Art Ensemble of Chicago). Não são músicos veteranos, mas vêm mostrar uma realidade do jazz italiano que em Portugal pouco se conhece.” Compõem o trio Marco Colonna (clarinete baixo, saxofone barítono, flauta), Silvia Bolognesi (contrabaixo) e Ivano Nardi (bateria).
No dia 11 será a vez do duo Cirera & Lencastre, de Espanha, mas de constituição ibérica: “O Albert Cirera é um saxofonista que divide o seu tempo entre Lisboa, Copenhaga e Barcelona [onde nasceu]. Nas suas estadas aqui, tem tocado com muitos músicos e estabeleceu, há uns anos, um dueto muito interessante com o baterista João Lencastre, que vem dos meios do rock, mas se tem esforçado imenso por ampliar as suas direcções estéticas. Toca bateria, mas com adereços electrónicos. É um dueto muito original, no jazz que tem aparecido no nosso país.”
Tradição e originalidade
Por fim, a sessão de encerramento, no dia 12, conta com o quarteto Philm, de Philipp Gropper (saxofone tenor, composição), com Elias Stemeseder (piano, sintetizador), Robert Landfermann (contrabaixo) e Oliver Steidle (bateria). “É um grupo constituído por músicos já muito cotados, da primeira divisão do jazz, e que também participam noutros grupos”, diz Rui Neves. “Têm um currículo bastante apreciável e estão, todos eles, dentro da tradição do jazz. Mas criam uma nova linguagem em função das suas capacidades de tratamento de som. É um grupo muito original, fiquei muito surpreendido quando os vi e acho que são óptimos para encerrar o JiGG 2019.”
Findos os concertos, não terminará a música. O espaço do jardim ficará entregue e a um DJ e, se tal se proporcionar, à dança: “Decidimos convidar o DJ Johnny, que se tem notabilizado à volta da música de jazz e que será nosso convidado para, no último dia, termos uma sessão em que até as pessoas que, eventualmente, queiram dançar, possam fazê-lo. Durará até à meia-noite.”