Ministra da Saúde diz que “não é possível atender” às reivindicações dos profissionais
Médicos e enfermeiros iniciaram esta terça-feira greves contra a falta de condições de trabalho e pela melhoria das carreiras.
A ministra da Saúde afirmou esta terça-feira que “neste momento não é possível atender” às reivindicações dos profissionais de saúde. Médicos e enfermeiros iniciaram esta terça-feira greves contra a falta de condições de trabalho e pela melhoria das carreiras.
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A ministra da Saúde afirmou esta terça-feira que “neste momento não é possível atender” às reivindicações dos profissionais de saúde. Médicos e enfermeiros iniciaram esta terça-feira greves contra a falta de condições de trabalho e pela melhoria das carreiras.
“Sabemos quais são as reivindicações dos profissionais de saúde, que estão em greve, mas que neste momento as mesmas não são susceptíveis de serem atendidas. Isso não prejudica que continuemos a trabalhar, a aproximar dos profissionais de saúde para discutir melhor motivação, melhores formas de trabalho”, disse a ministra da Saúde à margem de um encontro que decorreu na sede da Polícia Judiciária.
Marta Temido continuou, reafirmando que, “de facto, há reivindicações às quais neste momento não é possível atender, não só porque o serviço público não permite, mas também porque é preciso ter um cuidado especial com o equilíbrio das várias áreas da administração pública”.
Os dois sindicatos médicos marcaram uma greve de dois dias e um dos cinco sindicatos dos enfermeiros marcou uma paralisação de quatro dias. Ambas tiveram início esta terça-feira e estão a afectar consultas, cirurgias e internamentos.
Os médicos reivindicam a redução das listas de utentes dos médicos e mais tempo de consultas, a diminuição do serviço em urgência das 18 para as 12 horas e a dedicação exclusiva ao serviço público, entre outras exigências.
Também para os enfermeiros estão em cima da mesa reivindicações antigas, como o descongelamento das carreiras, que não está a abranger os profissionais que tiveram uma revisão salarial entre 2011 e 2015, e definição de 35 anos de trabalho e 57 anos de idade para acesso à reforma. Pedem ainda medidas compensatórias do desgaste, risco e penosidade da profissão.
"Irrelevância política"
Esta manhã, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusou a ministra da Saúde de irrelevância política e apelou ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças para que tornem a saúde uma prioridade.
“A senhora ministra já assumiu ela própria que não é só Centeno, já deitou a toalha ao chão. Já está perfeitamente acomodada (...). A irrelevância política é evidente”, afirmou à agência Lusa Jorge Roque da Cunha. Os primeiros dados apontam para uma adesão que ronda os 80%.
Rejeitando uma visão do Governo de que “está tudo bem”, o dirigente sindical recordou que há mais de 700 mil utentes sem acesso a médico de família e que há doentes que esperam dois anos por uma consulta hospitalar. Jorge Roque da Cunha lembrou que os médicos estão interessados em voltar a ter a opção da dedicação exclusiva ao serviço público, que terminou em 2009, e defendeu ainda uma organização de serviços baseada em equipas dedicadas às urgências.