Cargos de topo da UE: líderes europeus regressam à discussão sem alterar posições
Impasse mantém-se no terceiro dia de cimeira extraordinária para negociar a distribuição dos cargos dirigentes das instituições europeias. Membros do PPE prometem continuar a lutar pela presidência da Comissão Europeia e bloquear a eleição do socialista Frans Timmermans.
As negociações entre os 28 chefes de Estado e de Governo da União Europeia para a distribuição dos cargos de topo das instituições comunitárias prosseguem esta terça-feira, “com os ouvidos atentos e a mente aberta para encontrar boas soluções”, disse o primeiro-ministro, António Costa, à entrada para a reunião.
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As negociações entre os 28 chefes de Estado e de Governo da União Europeia para a distribuição dos cargos de topo das instituições comunitárias prosseguem esta terça-feira, “com os ouvidos atentos e a mente aberta para encontrar boas soluções”, disse o primeiro-ministro, António Costa, à entrada para a reunião.
O terceiro dia de cimeira europeia recomeçava exactamente com os mesmos cenários em cima da mesa em termos de quem fica com o quê, e as mesmas posições extremadas que na véspera produziram o impasse entre os líderes. O que não quer dizer que durante a discussão não fossem apresentadas soluções alternativas e novos nomes para cada cargo.
“Todos vão ter de ceder um pouco para haver uma esperança de acordo”, aconselhou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que entrou aparentemente imperturbada pela oposição dos seus aliados do Partido Popular Europeu à solução de compromisso desenhado pelo eixo franco-alemão e os negociadores socialistas e liberais à margem da cimeira do G20 de Osaka, no Japão.
Os países do grupo de Visegrado – Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia – e os líderes conservadores da Croácia, Irlanda, Letónia e Roménia, juntaram-se numa frente comum de bloqueio ao chamado “acordo de Osaka”, que inclui ainda a Itália, que também se opõe à nomeação do cabeça-de-lista dos socialistas para a presidência da Comissão Europeia, Frans Timmermans.
A “coligação” manteve contactos após a interrupção dos trabalhos da cimeira, na segunda-feira à tarde, e de novo esta manhã: a sua oposição à solução de compromisso apoiada por Angela Merkel mantinha-se. “O PPE quer a presidência da Comissão Europeia e não vai desistir de lutar por ela no Conselho”, garantiu uma fonte do grupo citada pelo Politico.
Pelo seu lado, os negociadores que acertaram o compromisso no Japão também se mostraram indisponíveis para avançar para um plano B. Timmermans é a sua aposta para a liderança do executivo comunitário e nenhuma outra solução terá o seu apoio. “Ontem verdadeiramente estivemos a muito pouco, a uma distância muito pequena de haver um acordo”, notou António Costa, que questionado pelos jornalistas se Timmermans continuava a ser a sua escolha perguntou de volta “porque é que Timmermans não haveria de ser”?
A resposta, segundo o primeiro-ministro da Letónia, Krisjanis Karins, é que o socialista holandês não serve por não ser “uma solução capaz de unir os países e unir a Europa”. Enquanto vice-presidente da Comissão Europeia, responsável pela pasta do estado de Direito, Frans Timmermans impulsionou os processos levantados contra a Polónia e Hungria por desrespeito dos valores democráticos consagrados no artigo 7.º do tratado europeu, “É divisivo. E por isso temos de encontrar outra solução, que assegure o equilíbrio político, geográfico e de género. Se pensarmos de maneira diferente, veremos que há muitos outros candidatos”, afirmou à chegada.
Mais pragmático, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que foi um dos negociadores do grupo dos liberais, manifestou esperança de que fosse possível encontrar “uma maioria para alguém”, no contexto da repartição dos cargos de topo da UE pelas principais famílias políticas europeias. “A questão aqui é a combinação na divisão dos lugares de topo”, observou.
Referindo-se ao arranque da nova sessão legislativa, esta terça-feira, em Estrasburgo, António Costa concordou que “era importante” o Conselho conseguir “fazer as escolhas que lhe competem atempadamente” e chegar a “uma solução global”, para não ser “previamente condicionado pelas decisões das outras instituições”.
Os diferentes grupos parlamentares vão ter de avançar esta terça-feira os seus candidatos para o cargo de presidente do Parlamento Europeu, que será eleito na quarta-feira.