Quadro de Caravaggio descoberto em Toulouse deverá rumar a Nova Iorque
O bilionário e coleccionador J. Tomilson Hill é indicado como o comprador de Judite e Holofernes. E o Metropolitan Museum of Art, em Manhattan, pode ser o seu destino.
Falta ainda a confirmação oficial, mas tudo leva a crer que o misterioso comprador do quadro Judite e Holofernes, atribuído a Caravaggio (1571-1610), que acabou por não chegar a leilão na semana passada, em Toulouse, será o coleccionador norte-americano J. Tomilson Hill.
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Falta ainda a confirmação oficial, mas tudo leva a crer que o misterioso comprador do quadro Judite e Holofernes, atribuído a Caravaggio (1571-1610), que acabou por não chegar a leilão na semana passada, em Toulouse, será o coleccionador norte-americano J. Tomilson Hill.
A notícia foi avançada no passado dia 27 – a data inicialmente agendada para a venda na leiloeira Marc Labarbe, naquela cidade francesa – pelo portal francês de informação sobre leilões Gazette Drout, e a seguir secundada pelo The New York Times, citando fontes do meio artístico nova-iorquino.
Além de bilionário e ex-presidente reformado do banco de investimento Blackstone Group, J. Tomilson Hill é um coleccionador com especial interesse pela arte moderna e contemporânea, mas também por mestres antigos, que integra o conselho de administração dos curadores do Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, e ainda a direcção da Frick Collection. No início no passado mês de Fevereiro, abriu um museu privado, o Hill Art Foundation, no bairro de Chelsea, em Manhattan, onde expõe obras da colecção que detém com a sua mulher Janine.
Estes dados colam com a afirmação feita na semana passada por Marc Labarbe e por Eric Turquin – o principal defensor da atribuição a Caravaggio deste quadro encontrado num sótão, em Toulouse, em 2014 – de que Judite e Holofernes tinha sido comprado por um coleccionador ligado a um grande museu.
Tanto o leiloeiro francês como o historiador de arte justificaram então a venda da tela fora do leilão com a identidade do comprador e o preço oferecido ao proprietário, ambos mantidos no entanto em segredo devido a um acordo de confidencialidade. Recorde-se que, quando o leilão de Judite e Holofernes foi anunciado, se estimou que a venda pudesse fixar-se entre os 100 e os 150 milhões de euros.
A hipótese de a obra de Caravaggio se destinar ao Metropolitan Museum of Art é avançada pelo Gazette Drout e pelo The New York Times como plausível ao abrigo da ligação de J. Tomilson Hill com a instituição, e mais ainda sabendo-se que o museu nova-iorquino vai brevemente abrir novas galerias dedicadas à pintura antiga.
Judite e Holofernes terá sido pintado entre 1606 e 1607 e a sua autentificação como uma criação de Caravaggio sempre motivou dúvidas entre os especialistas, havendo mesmo quem atribua o quadro, ou pelo menos a sua finalização, ao artista flamengo Louis Finson (1580-1617), um dos discípulos que seguiram a escola do grande mestre italiano do chiaroscuro.
A confirmar-se que a sua aquisição foi feita por J. Tomilson Hill, isso será mais um ponto a favor da sua atribuição ao autor de As Sete Obras de Misericórdia.