Há mais imigrantes e isso é bom para o país
Com ainda mais brasileiros, bengalis, italianos ou romenos, boa parte dos quais em idade de ter filhos e distribuídos por todo o território (o distrito de Portalegre é excepção), o país terá uma expectativa bem mais positiva para o seu futuro.
Portugal bateu no ano passado o recorde de estrangeiros a viver entre nós e esse dado estatístico é uma excelente notícia. Não apenas porque o poder de atracção do país é um indicador de relativa prosperidade económica, de disponibilidade de empregos, de segurança e de qualidade de vida. É-o principalmente porque a imigração é a única forma que o país tem de encarar com algum optimismo o duro desafio que a demografia lhe coloca.
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Portugal bateu no ano passado o recorde de estrangeiros a viver entre nós e esse dado estatístico é uma excelente notícia. Não apenas porque o poder de atracção do país é um indicador de relativa prosperidade económica, de disponibilidade de empregos, de segurança e de qualidade de vida. É-o principalmente porque a imigração é a única forma que o país tem de encarar com algum optimismo o duro desafio que a demografia lhe coloca.
Se nos próximos anos se mantiver o mesmo nível de atribuição de autorizações de residência do ano passado (93154 novos residentes, de acordo com o SEF), muito provavelmente Portugal escapará ao “inverno demográfico” que apontava para a redução da população de 10.5 milhões em 2012 para 6.3 milhões em 2060, na sua maioria pessoas de idades avançadas.
Vivem em Portugal quase meio milhão de imigrantes e, sendo o valor mais alto deste que o SEF iniciou os registos desta população, estamos ainda longe de nos aproximarmos dos valores dos países mais ricos da União Europeia – os estrangeiros representam menos de 5% da população total contra 9.8% da Espanha, 7% da França ou 11.7% da Alemanha. O país tem por isso ainda muito espaço para acolher mais imigrantes – desde que a economia seja capaz de acolher o ritmo da procura e a sociedade os possa integrar.
O desgraçado estado do mundo, seja a crise e desesperança do Brasil, a desigualdade de Angola ou a sobrepopulação e a pobreza da Índia podem ajudar nessa tendência. A abertura da legislação nacional a descendentes de portugueses, a judeus sefarditas ou ao acolhimento de cidadãos dos PALOP podem fazer o resto.
Ainda que se sintam avulsamente sinais de rejeição a esta abertura, o país tem de as enfrentar e superar não apenas por prováveis razões humanitárias mas também em defesa do seu legítimo interesse. Um país velho não tem futuro. Sem imigrantes a sustentabilidade da segurança social estará em causa a curto prazo, o Estado social ficará ainda mais fragilizado, a dinâmica social de uma população jovem que promove a inovação e a criatividade perder-se-á e, como já se começa a perceber, o crescimento da economia ficará comprometido.
Com ainda mais brasileiros, bengalis, italianos ou romenos, boa parte dos quais em idade de ter filhos e de integrar a população activa (208 mil dos actuais imigrantes têm entre 24 e 44 anos), distribuídos por todo o território (o distrito de Portalegre é excepção), o país terá sem dúvida uma expectativa bem mais positiva para o seu futuro.