Heloísa Apolónia acredita que por Leiria também chegará ao Parlamento

Deputada do PEV será cabeça por Leiria, onde a CDU não elege deputados desde 1985. Miguel Tiago quer regressar ao Parlamento e será cabeça de lista por Viseu, onde há contestação interna.

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Heloísa Apolónia no debate do Estado da Nação de 2018 LUSA/ANTÓNIO COTRIM

“Estamos a pensar em eleger mais deputados, no reforço do grupo parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) que têm trazido as questões ambientais à Assembleia da República”, disse Heloísa Apolónia esta quinta-feira ao PÚBLICO a propósito da sua candidatura como cabeça de lista em Leiria da CDU, divulgada na noite de quarta-feira por aquela coligação.

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“Estamos a pensar em eleger mais deputados, no reforço do grupo parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) que têm trazido as questões ambientais à Assembleia da República”, disse Heloísa Apolónia esta quinta-feira ao PÚBLICO a propósito da sua candidatura como cabeça de lista em Leiria da CDU, divulgada na noite de quarta-feira por aquela coligação.

“A CDU não elege deputados [desde 1987] no círculo de Leiria, mas pode eleger, aceitei o desafio com grande convicção”, sintetiza a deputada que, nas últimas sete legislaturas, foi em terceiro lugar da Coligação Democrática Unitária por Setúbal, numa posição confortável num distrito favorável. Deste modo, a dirigente do PEV afasta o cenário de risco associado a uma candidatura em terreno problemático que pode levar a que não seja eleita para a Assembleia da República nas próximas legislativas, de 6 de Outubro.

Para além da cabeça de lista da CDU por Leiria, Os Verdes colocaram Manuela Cunha como primeira candidata da coligação no distrito de Portalegre, o que, mantendo-se a eleição de José Luís Ferreira, Heloísa Apolónia diz fazer antever o reforço da presença parlamentar do partido ecologista, passando de dois para três eleitos.

“Quero continuar a trabalhar na resolução dos problemas do distrito de Leiria”, anuncia, referindo-se à modernização da linha ferroviária do Oeste e às acções em defesa da biodiversidade e património natural de um distrito afectado há dois anos pelos incêndios de Pedrógão e do pinhal de Leiria. “No início da legislatura, na posição conjunta com o PS, há a decisão de mudança do paradigma da monocultura da floresta do eucalipto”, recorda acerca do documento assinado, em Novembro de 2015, que levou ao apoio d'Os Verdes ao executivo de António Costa, no âmbito de uma solução governativa à esquerda.

No final desta legislatura, a dirigente do PEV faz um balanço prudente. “A alteração da componente da nossa floresta não se faz de um dia para o outro, é preciso alterar a lei de Assunção Cristas [do Governo de Pedro Passos Coelho] de expansão da monocultura do eucalipto. Começámos a reverter esta situação, mas são precisos resultados práticos, o que demora a acontecer”, reconhece.

“Trabalhámos a nível legislativo [no âmbito da maioria parlamentar], mas nas áreas abandonadas e ardidas o eucalipto está a despontar naturalmente, criando novos perigos”, denuncia. “O Governo devia estar a intervir nesta matéria, há aqui uma postura contraditória do Governo”, admite.

Heloísa Apolónia evita referir-se a qualquer concorrência do PEV com o PAN. Adopta outro caminho. “Os Verdes têm provas dadas em termos de sustentabilidade e ecologia, somos um projecto de enorme coerência, afirmando o nosso projecto”, sustenta.

Regressos e saídas

Pouco a pouco, os cabeças de lista da CDU já divulgados, apontam para curiosidades de possíveis regressos e prováveis saídas de deputados com trajectória na coligação. A candidatura em Outubro da comunista Rita Rato, que chegou a ser a mais jovem parlamentar do hemiciclo, pelo círculo da Europa prognostica a sua saída da Assembleia da República, porque nunca a coligação elegeu qualquer representante num círculo onde PS e PSD sempre alternaram como os partidos exclusivos.

De destaque é, também, a colocação do jurista Jorge Machado, eleito em 2015 no Porto, como cabeça de lista em Viana do Castelo, círculo de difícil eleição para a CDU. No Porto, a aposta passa a ser Diana Ferreira, da direcção da Organização Regional da Guarda, enquanto o líder da bancada parlamentar comunista, João Oliveira, volta a encabeçar a candidatura por Évora. Também o dirigente do PCP e membro do comité central Francisco Lopes mantém a sua liderança na candidatura de Setúbal.

O mesmo acontece com o jurista e professor António Filipe, em Santarém. Já em Faro, Tiago Raposo substitui Paulo Sá, coordenador do PCP da comissão de Orçamento e Finanças e na comissão parlamentar de inquérito à CGD, que é o mandatário distrital da candidatura de Raposo. O secretário-geral comunista Jerónimo de Sousa mantém-se como cabeça de lista no círculo de Lisboa, o mesmo acontecendo com Carla Cruz, em Braga,

Em Aveiro, Miguel Viegas, que foi candidato não eleito ao Parlamento Europeu, é o cabeça de lista. Por fim, em Viseu, onde há contestação à estrutura local do PCP, Miguel Tiago, que em Setembro de 2018 abandonou a Assembleia da República como deputado passando a funções de assessoria do comité central, é a aposta. Recorde-se que nas últimas europeias, no que foi durante décadas feudo do PSD e, por isso, denominado como cavaquistão, o PS foi o partido mais votado.