Presidente da STCP demitiu-se do cargo
Paulo de Azevedo já tinha deixado aberta a hipótese de sair da empresa. Após críticas do presidente da Área Metropolitana do Porto, consumou a intenção.
O presidente executivo da STCP apresentou esta quinta-feira a demissão do cargo. No mesmo dia em que o presidente da Área Metropolitana do Porto o criticou, por contrariar um acordo estabelecido entre as câmaras onde a empresa opera, Paulo de Azevedo consumou uma intenção que, sabe o PÚBLICO, já vinha a ponderar há algum tempo.
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O presidente executivo da STCP apresentou esta quinta-feira a demissão do cargo. No mesmo dia em que o presidente da Área Metropolitana do Porto o criticou, por contrariar um acordo estabelecido entre as câmaras onde a empresa opera, Paulo de Azevedo consumou uma intenção que, sabe o PÚBLICO, já vinha a ponderar há algum tempo.
A gota de água terá sido a reacção de Eduardo Vítor Rodrigues à investida da transportadora pública, que admitiu pedir indemnizações à AMP, enquanto autoridade de transportes, e às empresas privadas que há anos violam o direito de exclusividade da STCP no território do município do Porto. Munido de números, que dão conta de um prejuízo mínimo de quase 500 mil euros, só em 2018, Paulo de Azevedo tentou que a Área Metropolitana impedisse, com os poderes de fiscalização e sancionatórios que detém, que a situação de concorrência ilegal se mantivesse em 2019.
A abordagem, consumada numa carta enviada a 18 de Junho, já não tinha merecido unanimidade dentro do próprio conselho de administração da STCP, onde passou com três votos a favor e dois contra. E nessa reunião, o presidente executivo assumiu, perante os pares, que iria aproveitar um curto período de férias para reflectir sobre o seu futuro no cargo. Fonte próxima explicou, ao PÚBLICO, que o gestor estava desgastado com a difícil relação com alguns autarcas, e que o apoio de Rui Moreira, que o indicara, ao Governo, para o cargo, não foi suficiente para o demover.
Os municípios onde a STCP opera – e que estão reunidos, na AMP, num órgão designado Unidade Técnica de Serviços, presidido por Rui Moreira – tinham assumido, por unanimidade, que adiariam para 1 de Janeiro do próximo ano a questão da violação da exclusividade, por forma a manter alguma paz num sector com várias fontes de conflito. Perante a investida da operadora pública, o presidente da AMP acusou a empresa de desrespeitar essa decisão e de criar instabilidade num momento em que se preparam as concessões dos transportes nos municípios da região.
Questionado pelo Público sobre a decisão do gestor – que disse desconhecer, ao início da noite – Eduardo Vítor foi parco em comentários, considerando apenas que a posição de Paulo de Azevedo ficara “fragilizada” com o envio da carta. Se saiu, “é porque pôs a mão na consciência e percebeu que errou”, disse.
A decisão de Paulo de Azevedo surge no mesmo dia em que, ao PÚBLICO, Rui Moreira mostrou compreensão pela posição do gestor perante a AMP. Paulo de Azevedo, recorde-se, foi nomeado no ano passado pelo Governo para o cargo após indicação do autarca. Antigo quadro de topo do Millennium BCP, Azevedo fizera parte, nas eleições de 2013, da comissão de honra do independente, que confiara na sua capacidade para liderar a transportadora nesta fase de transição. Nesta quinta-feira, precisamente, fonte do Ministério do Ambiente confirmou ao PÚBLICO que a passagem da empresa para as mãos dos municípios será concretizada antes das eleições.