Greve da CNB leva ao cancelamento da estreia do bailado Nós como futuro

Marcado para esta quinta-feira, o bailado não se estreou como programado no Teatro Camões, em Lisboa. Quanto às apresentações marcadas para esta sexta-feira e sábado, apenas à hora de início de cada espectáculo será possível avaliar se se encontram reunidas as condições para a realização do espectáculo, informou a Companhia Nacional de Bailado

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miguel madeira / arquivo

A estreia do espectáculo de dança Nós como futuro, de Daniel Gorjão, esta quinta-feira, no Teatro Camões, em Lisboa, foi cancelada por causa da greve dos trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado (CNB), disse à Lusa fonte da companhia. Os trabalhadores, por seu lado, previam concentrar-se à porta do teatro, à hora do espectáculo, disseram à Lusa.

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A estreia do espectáculo de dança Nós como futuro, de Daniel Gorjão, esta quinta-feira, no Teatro Camões, em Lisboa, foi cancelada por causa da greve dos trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado (CNB), disse à Lusa fonte da companhia. Os trabalhadores, por seu lado, previam concentrar-se à porta do teatro, à hora do espectáculo, disseram à Lusa.

Com direcção e coreografia de Daniel Gorjão e dramaturgia de Sara Carinhas, Nós o futuro devia estrear-se hoje, no Teatro Camões, com lotação já esgotada, mas a apresentação foi cancelada por não estarem reunidas condições. Estão previstas ainda sessões esta sexta-feira e no sábado e, segundo a CNB, “em caso de impossibilidade de realização do espectáculo a devolução dos bilhetes pode fazer-se directamente na bilheteira do Teatro Camões”, no Parque das Nações. “Apenas à hora de início de cada espectáculo, e em face da adesão dos trabalhadores a cada um dos dias de greve, é possível avaliar se se encontram reunidas as condições para a realização do espectáculo”, refere a companhia.

Os trabalhadores da CNB e do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC), duas estruturas tuteladas pelo Organismo de Produção Artística (Opart), estão em greve aos espectáculos desde 7 de Junho. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), a paralisação dos trabalhadores dá-se “por questões laborais”, “pela criação de condições técnicas e funcionais de trabalho” e em defesa da “missão artística do Opart”.

Uma das questões que motiva esta paralisação é uma exigência de harmonização salarial entre trabalhadores da CNB e do TNSC, que recebem remunerações diferentes para as mesmas funções. O diferendo entre a tutela e o sindicato prende-se, precisamente, com essa harmonização salarial. Em causa está uma deliberação do conselho de administração do Opart, de 2017, estipulando que os trabalhadores da CNB passariam a trabalhar 35 horas semanais, mantendo o salário correspondente a 40 horas, enquanto os restantes trabalhadores do Opart mantinham as 35 horas semanais e a remuneração dessas mesmas horas.

O sindicato exige um aumento do valor do trabalho por hora, para que os trabalhadores do TNSC não sejam prejudicados e recebam o mesmo que os da CNB. O Governo diz que aquela deliberação do Opart não tem fundamento legal, mas não aceita a exigência do sindicato por considerar que representa um aumento salarial superior a 10% para alguns trabalhadores, o que “seria uma injustiça para todos os restantes trabalhadores do Opart”.

Depois de uma reunião negocial falhada na terça-feira entre o Cena-STE e a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, a tutela anunciou que, a partir de segunda-feira, 1 de Julho, irá repor o regime de 40 horas semanais aos trabalhadores da CNB - mais cinco do que as 35 horas actualmente aplicadas. Em plenário, na quarta-feira, os trabalhadores mandataram o sindicato para preparar uma “estratégica jurídica” para impedir a decisão e para pedir nova audiência com o primeiro-ministro.

O pré-aviso de greve dos trabalhadores deverá afectar ainda os espectáculos Dom Quixote, entre 11 e 13 de Julho, no Teatro Rivoli (Porto), 15 Bailarinos e Tempo Incerto, a 17 e 18 de Julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite, no âmbito do 36.º Festival de Almada, e os espectáculos incluídos no Festival ao Largo, entre 5 e 27 de Julho, em Lisboa.

No meio deste conflito laboral, o Ministério da Cultura revelou que não iria reconduzir a actual administração do Opart, liderada por Carlos Vargas, para um novo mandato, prometendo anunciar “nos próximos dias" um novo conselho de administração. No sábado, dia 22, o presidente do conselho de administração do Opart, Carlos Vargas, apresentou a demissão do cargo, verbalmente, à ministra da Cultura, e formalizou-a na segunda-feira, por escrito. Esta semana, o director artístico do TNSC, Patrick Dickie, anunciou não ter condições “para equacionar a continuidade naquelas funções", e que sairá no final de Agosto.