Homens ganharam em média mais 150 euros por mês do que as mulheres em 2017
Setúbal, Leiria, Aveiro e Lisboa lideram a lista do maior fosso salarial entre salários base médios, estando Aveiro próximo de uma diferença de 20% em desfavor das mulheres.
A diferença salarial entre homens e mulheres em 2017 foi de cerca de 15%, traduzida em mais 150 euros na remuneração média mensal base dos homens, de acordo com os dados de um barómetro apresentado esta quinta-feira pelo Governo.
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A diferença salarial entre homens e mulheres em 2017 foi de cerca de 15%, traduzida em mais 150 euros na remuneração média mensal base dos homens, de acordo com os dados de um barómetro apresentado esta quinta-feira pelo Governo.
Em 2017, o salário base dos homens em Portugal fixou-se em 1008,8 euros mensais, enquanto o das mulheres ficou-se pelos 859,1 euros mensais, uma diferença de 14,8% a favor dos homens, que é ainda maior (de 18,2%) se forem tidos em conta os salários efectivamente ganhos.
Os dados constam do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Homens e Mulheres, apresentado esta quinta-feira em Lisboa. O estudo revela ainda que se a análise for feita tentando minimizar o efeito de algumas variáveis que podem ajudar a explicar as diferenças salariais entre homens e mulheres, como o nível de qualificação profissional, habilitação literária ou antiguidade no emprego, entre outros, a diferença percentual entre géneros baixa para 11,2%.
“Há factores que explicam — diferentes níveis de qualificação ou diferenças de natureza profissional —, mas depois de corrigir tudo isso permanece uma diferença inexplicável, que por vezes poderá ser até explicada por actos de discriminação salarial”, disse aos jornalistas o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, no final da cerimónia.
O ministro apontou o combate às diferenças salariais entre homens e mulheres como uma prioridade e defendeu que “este barómetro traz mais informação sobre a natureza” dessa desigualdade, pretendendo-se que no futuro possa ser um instrumento de correcção usado pelas empresas.
“As empresas irão conhecer as diferenças salariais que têm nos seus quadros, como é que elas se comparam com o sector, com a economia nacional e serem apoiadas para definir programas de correcção dessa diferença salarial não explicável. [...] Estamos numa fase muito importante, compreender a realidade, conhecê-la e oferecer às empresas o retrato da sua própria situação. Não vamos pedir nada, vamos usar os dados já existentes para que cada empresa possa construir estratégias salariais de redução da desigualdade, como já está a acontecer na contratação colectiva”, disse o ministro.
O barómetro, que permite perceber as diferenças a nível nacional, regional e sectorial, mostra que em sectores de actividade com recursos humanos mais qualificados o fosso salarial entre homens e mulheres se agrava, quando “seria de esperar que os diferenciais pudessem ser mais próximos de zero”, o que o ministro disse não ser dissociável de uma maioria de homens em cargos de decisão.
“As grandes empresas, empresas cotadas, tinham e têm ainda enorme disparidade de género nos seus quadros directivos. Talvez isso não seja alheio a uma diferença salarial que se repercute por toda a estrutura. Nós introduzimos objectivos progressivos de equilíbrio nos postos de tomada de decisão. Sem intervir directamente na vida das empresas e nas suas políticas salariais, a fixação de políticas públicas para ocupação dos cargos de administração vai inevitavelmente mostrar que um maior equilíbrio tem também consequências positivas na produtividade e competitividade das empresas”, afirmou Vieira da Silva.
O sector de actividade económica em que existe maior fosso salarial entre homens e mulheres, se for considerado o indicador que não tem em conta factores atenuantes, é o das actividades artísticas e desportivas, onde a diferença é de 57,1%. Tendo em conta as variáveis atenuantes, a diferença neste sector baixa para os 19,6%.
Em termos distritais, Setúbal, Leiria, Aveiro e Lisboa lideram a lista do maior fosso salarial entre salários base médios, estando Aveiro próximo de uma diferença de 20% em desfavor das mulheres.
O Barómetro, elaborado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, na dependência do ministério tutelado por Vieira da Silva, teve em conta informação disponibilizada pelas empresas e refere-se a todo o país, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Até ao final do ano devem ficar disponíveis os dados relativos a 2018.