Ministra vai ao parlamento por causa fecho rotativo das urgências nas maternidades

Aprovada também a audição do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, requerida pelo PSD, e dos directores de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa e dos hospitais de Santa Maria, S. Francisco Xavier e Amadora-Sintra do Hospital Fernando da Fonseca, a pedido do Bloco de Esquerda.

Foto
LUSA/TIAGO PETINGA

A ministra da Saúde, Marta Temido, vai ao parlamento dar explicações sobre o eventual encerramento rotativo dos serviços de urgência externa de quatro maternidades de Lisboa durante o verão.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A ministra da Saúde, Marta Temido, vai ao parlamento dar explicações sobre o eventual encerramento rotativo dos serviços de urgência externa de quatro maternidades de Lisboa durante o verão.

A audição de Marta Temido, pedida pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, foi aprovada esta quarta-feira por unanimidade pela comissão parlamentar de Saúde.

A Comissão de Saúde aprovou também por unanimidade os pedidos de audição requeridos pelo PCP, BE e PSD para ouvir o presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, sobre o mesmo assunto.

Foi ainda aprovada a audição do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, requerida pelo PSD, e dos directores de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa e dos hospitais de Santa Maria, S. Francisco Xavier e Amadora-Sintra do Hospital Fernando da Fonseca, a pedido do Bloco de Esquerda.

Para os deputados, a situação vivida nas maternidades devido à falta de especialistas necessita de esclarecimentos por parte da ministra e das outras entidades.

Para Carla Cruz, do PCP, as informações que foram tornadas públicas após a reunião da ARSLV “adensa mais as razões” para que esta entidade explique na Comissão de saúde “o modo” como vai funcionar o sistema de rotatividade, que “não serve quem necessita destes serviços” e pode enfraquecer a resposta pública.

Sublinhando que a carência de especialistas “já acontece há muito tempo” nas diferentes maternidades, a deputada disse que o PCP pretende saber o que foi feito durante os últimos seis meses para contratar mais profissionais.

O deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira disse, por seu turno, que é preciso perceber se os hospitais já tinham alertado o Governo e a ARSLVT para esta situação.

“Há que perceber o que foi feito para evitar o fecho rotativo das urgências” e há quanto tempo estas instituições alertaram para esta situação, o que foi feito para a evitar e que outras soluções estão a ser trabalhadas.

Para Moisés Ferreira, o fecho rotativo “não pode ser a solução”, defendendo que é preciso responder ao problema estruturalmente com a contratação dos ginecologistas e obstetras em falta.

Remendos

No requerimento que o BE enviou à comunicação social pode ler-se que “um Serviço Nacional de Saúde (SNS) de qualidade e excelência” não pode ser feito “com remendos ou com soluções de mal menor”: “Encerramentos rotativos, diminuição de serviços, portas fechadas à admissão de utentes não são soluções para o SNS que queremos, isso é certo. O que é preciso é reforçar o SNS com mais profissionais (neste caso em concreto com obstetras e anestesistas)”, lê-se.

Moisés Ferreira lembra outros momentos que considera reveladores das dificuldades por que passa o sector, como, por exemplo, no final de 2018 a urgência da MAC ter fechado por haver só um anestesista a trabalhar na época do Natal, sublinha que tal também acontece noutros locais do país, e pede que se enfrente o problema: “Acontece que cerca de 40% dos especialistas em ginecologia/obstetrícia do país não estão no SNS, pelo – e que é preciso olhar para este problema de frente e perceber como se pode captar e fixar estes e outros profissionais.”

Para o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, o que se se está a assistir na área saúde materno-infantil é de “uma enorme preocupação” e que revela “um desnorte” do Governo”.

“É uma situação grave da degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que exige um “esclarecimento cabal” à Assembleia da República e à população, defendeu o deputado social-democrata.

Para a deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto, “o SNS é um castelo de cartas que se está a desmoronar” com prejuízo para os cidadãos, afirmando que é mentira o que Governo diz de que o SNS está melhor e que tem mais profissionais. “Não corresponde à realidade”.

“Há mais de seis meses que estes problemas nos foram sinalizados e a equipa governativa deixa o barco passar, não toma soluções” e os “resultados estão à vista”, lamentou Isabel Galriça Neto.

O deputado do PS João Marques também considerou importante perceber o que passa e o que originou o problema nas maternidades. Com M.J.L.