Por que não enviou o PCP perguntas a Sócrates na comissão de inquérito à CGD?
Comunistas afirmam que só uma “ingénua expectativa” de que o ex-primeiro-ministro “se auto-incriminaria” ou critérios de mediatismo justificariam questioná-lo na comissão sobre a Caixa.
O PCP foi um dos partidos que não enviaram perguntas dos deputados a José Sócrates, antigo primeiro-ministro durante o período mais crítico para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), com vista a tentar esclarecer o eventual envolvimento do governante nos principais negócios ruinosos do banco público. Os deputados estão, agora, na fase final da comissão de inquérito à gestão da CGD entre 2000 e 2015.
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O PCP foi um dos partidos que não enviaram perguntas dos deputados a José Sócrates, antigo primeiro-ministro durante o período mais crítico para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), com vista a tentar esclarecer o eventual envolvimento do governante nos principais negócios ruinosos do banco público. Os deputados estão, agora, na fase final da comissão de inquérito à gestão da CGD entre 2000 e 2015.
Questionado pelo PÚBLICO sobre o motivo de não ter feito perguntas, o PCP argumenta que na base da sua decisão esteve a documentação recebida na comissão de inquérito, bem como os diversos depoimentos, que “não adiantaram elementos objectivos que exijam contraditório relativamente ao envolvimento do ex-primeiro-ministro José Sócrates na nomeação de administradores da CGD ou na concessão dos grandes créditos no período em análise”.
Assim sendo, os comunistas afirmam que questionar o antigo primeiro-ministro sobre o seu envolvimento só poderia assentar “na ingénua expectativa de que José Sócrates se autoincriminaria ou, então, em critérios de puro mediatismo”, que “não são os critérios da intervenção do PCP”, detalha o gabinete de comunicação do partido.
Os comunistas referem ainda que ficou claro, no decurso da comissão de inquérito, que a “total insuficiência no acompanhamento da gestão da CGD por parte de sucessivos governos, incluindo os liderados por José Sócrates”, permitiu a concretização de “uma imprudente política de concessão de grandes créditos que se afastou da missão de um banco público e que se traduziu em perdas avultadíssimas”. Essa certeza confirma-se, “independentemente do que resulte do depoimento de José Sócrates”, sublinham os comunistas.
Também o CDS se absteve de participar no envio de perguntas a Sócrates, a que este responderá por escrito. Os centristas decidiram não o fazer porque os deputados querem poder confrontar directamente o ex-primeiro-ministro e obter respostas sobre as nomeações de administradores para a CGD e a intervenção que o seu Governo poderá ter tido nas principais operações de crédito como Vale do Lobo, La Seda ou o financiamento da compra de acções do BCP por Joe Berardo.
Foram, até agora, entregues 86 perguntas a José Sócrates por sociais-democratas, bloquistas e socialistas (56 do PSD, 20 do BE e dez do PS).