Sánchez quer ir a jogo em Julho, Iglesias só admite investidura em Setembro
Mesmo sem apoios garantidos, socialista pretende anunciar a data da investidura do Governo. Líder do Podemos diz que ainda é preciso “esperar dois meses e meio” para um entendimento com o PSOE.
A quarta reunião entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, na terça-feira, não trouxe quaisquer novidades ao processo de formação do próximo Governo de Espanha, mas o líder do PSOE quer, ainda assim, avançar para o agendamento da sua investidura no Congresso no próximo mês de Julho. Uma postura que leva o secretário-geral do Podemos a antecipar o chumbo imediato da nomeação do próximo executivo e subsequente prolongamento do impasse até Setembro.
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A quarta reunião entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, na terça-feira, não trouxe quaisquer novidades ao processo de formação do próximo Governo de Espanha, mas o líder do PSOE quer, ainda assim, avançar para o agendamento da sua investidura no Congresso no próximo mês de Julho. Uma postura que leva o secretário-geral do Podemos a antecipar o chumbo imediato da nomeação do próximo executivo e subsequente prolongamento do impasse até Setembro.
Iglesias não esconde que o Unidas Podemos quer integrar um Governo de coligação com os socialistas e acredita que a solução para resolver o bloqueio do Parlamento vai acabar passar por aí. “[O acordo] está mais próximo do que parece, mas é preciso esperar dois meses e meio para que se realize”, disse esta quarta-feira.
Sánchez, por seu lado, está mais inclinado a governar sozinho, mesmo estando longe dos 176 deputados necessários para mandar no Congresso dos Deputados. Tem 123 – menos que o bloco PP-Cidadãos-Vox – e nem com os 42 do Unidas Podemos chega à maioria na câmara baixa das Cortes espanholas.
Nesse sentido, tem-se desdobrado em contactos para conseguir o apoio da plataforma de esquerda e, acima de tudo, a abstenção de Cidadãos e PP – que não cedem –, na votação de investidura. E mesmo sem apoios garantidos, o líder do PSOE vai reunir-se na próxima terça-feira com Meritxell Batet, presidente do Congresso, para marcarem na agenda da sessão plenário para a referida eleição.
Caso Pedro Sánchez não consiga ser investido, a legislação espanhola oferece ao líder do partido mais votado nas eleições de Abril um prazo máximo de dois meses para voltar a tentá-lo. O não agendamento de votação nesse prazo, atiraria Espanha para novas legislativas. É nesse enquadramento que surge o mês de Setembro, como data limite para se repetir a sessão de investidura.
Pablo Iglesias lamenta que o plano prioritário de Sánchez seja o de convencer o Cidadãos a mudar de ideias sobre o “cordão sanitário” que o seu líder, Albert Rivera, prometeu impor aos socialistas e insiste que as conversas com a direita não vão dar os frutos que o presidente do Governo deseja.
Depois de fracassarem, afiança Iglesias, o PSOE vai perceber que não haverá outra opção senão a de “um Governo de coligação connosco, que assegure que neste país se protegem os serviços públicos”.
Na mesma linha, a porta-voz do Unidas Podemos no Parlamento, Irene Montero, garante que os planos de Sánchez vão guiá-lo a uma “investidura fracassada” nas próximas semanas: “O candidato à presidência comunicou-nos que decidiu procurar o apoio da direita. Não gostamos disso e não compartilhamos a estratégia de avançar para uma investidura fracassada, como mecanismo para ameaçar e pressionar outros partidos a negociar”.
A suposta prioridade dada pelo PSOE a um possível acordo com o Cidadãos faz sentido de um ponto de vista puramente aritmético. Juntos, socialistas e liberais têm 180 deputados, mais quatro que a maioria absoluta. É certo que Sánchez e Rivera já tentaram um acordo semelhante em 2016, mas também o é que a posição do segundo extremou-se profundamente nos últimos meses, em grande medida devido aos planos do socialista para a resolução da crise catalã, “inadmissíveis” aos olhos de Rivera.
O líder do Cidadãos continua indisponível para estender o braço a Sánchez e tem, por isso, causado um grande incómodo junto da ala liberal e europeísta do partido, que também não compreende os contactos com a extrema-direita.