Cheiro a novo? Airbus afasta responsabilidade por enjoos a bordo de aviões da TAP

Ainda sem dados sobre o que estará na origem de sucessivos episódios de indisposição a bordo dos novos aparelhos operados pela TAP, a construtora aeronáutica nega que haja “contaminação” do ar.

Fotogaleria

A fabricante aeronáutica Airbus descartou nesta terça-feira responsabilidades pelos episódios de indisposição registados a bordo dos A330Neo operados pela TAP (que encomendou um total de 21 aeronaves deste modelo), garantindo que mantém “um ambiente seguro para os tripulantes e passageiros” e afirmando que existe “uma série de razões” para a ocorrência de “odores estranhos” na cabine do aparelho, incluindo “dispositivos eléctricos, produtos de limpeza, álcool, tabuleiros de comida ou outros passageiros”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A fabricante aeronáutica Airbus descartou nesta terça-feira responsabilidades pelos episódios de indisposição registados a bordo dos A330Neo operados pela TAP (que encomendou um total de 21 aeronaves deste modelo), garantindo que mantém “um ambiente seguro para os tripulantes e passageiros” e afirmando que existe “uma série de razões” para a ocorrência de “odores estranhos” na cabine do aparelho, incluindo “dispositivos eléctricos, produtos de limpeza, álcool, tabuleiros de comida ou outros passageiros”.

Esta terça-feira foi notícia mais um episódio de indisposição a bordo de um voo A330Neo da TAP, juntando-se a outros casos denunciados ao longo dos últimos meses, tanto por parte dos passageiros como de membros da tripulação. O fenómeno está a ser investigado pela TAP e pela Airbus. A transportadora aérea portuguesa confirma a ocorrência de “casos pontuais de tripulantes com ligeiras indisposições”.

Ao PÚBLICO, a Airbus frisa que o A330Neo está “certificado por todas as autoridades para voar” e recusa falar em contaminação. “Se um odor estranho for detectado, pode ser desagradável ou desconfortável, mas não está relacionado com contaminação do ar”, afirma a construtora aeronáutica.

"Algo normal"

A TAP, que admite o registo de “alguns odores provenientes do equipamento de ar condicionado”, desdramatiza o caso, afirmando que o fenómeno é normal em aviões novos e que o cheiro “desaparece logo após as primeiras utilizações”. A transportadora aérea sublinha ainda que “nunca colocaria os seus clientes e trabalhadores numa situação de risco para a sua saúde”.

Também a Airbus afirma que o fenómeno “é algo normal em aeronaves recentemente postos ao serviço” e que a empresa está “a trabalhar com os clientes para minimizar quaisquer perturbações”. 

Foto
Um Airbus A330neo a acabar de ser fabricado em Toulouse, França Regis Duvignau/REUTERS

“Total segurança”

À semelhança do que é referido pela Airbus, a TAP garante que o A330Neo “tem todas as certificações por parte das autoridades nacionais e internacionais e está totalmente apto para o serviço de transporte de passageiros em total segurança”. Depois de ter sido posta em cima da mesa a possibilidade de não haver uma renovação suficiente de ar dentro do avião, a TAP garante que as cabines são “fabricadas de forma a prevenir qualquer tipo de contaminação do ar”. Adianta também que os testes que já foram feitos tanto pela TAP como pela Airbus – e tanto “no chão como em voo” – “não permitem estabelecer qualquer correlação entre estes episódios e uma hipotética, mas não demonstrada, deficiência na circulação e renovação de ar”.

O presidente da Associação dos Pilotos Portugueses da Linha Aérea (APPLA), Miguel Silveira, diz ao PÚBLICO que as hipóteses quanto à origem destes problemas “são variadíssimas” e que nem a própria Airbus ainda não terá dados sobre o que está a acontecer – todas as hipóteses avançadas são “mera especulação”, diz.

Miguel Silveira refere ainda que estes problemas não são exclusivos dos aviões da Airbus, e que também se têm registado com outras fabricantes. Já o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) disse que não faria comentários sobre o tema.

Por seu turno, a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, confirmou à TSF que receberam cerca de uma dezena de queixas relativas a indisposições a bordo deste modelo vindas de tripulantes. Segundo a rádio, os relatos foram feitos à ANAC e encaminhados para a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que avalia e certifica a segurança dos transportes aéreos europeus. O PÚBLICO tentou contactar a EASA para perceber o que pode estar na origem destes problemas, mas ainda não obteve resposta.

TAP já recebeu dez aviões A330Neo

Segundo dados disponibilizados pela Airbus disponíveis até ao final de Maio, foram recebidas encomendas de 240 aviões A330Neo da parte de 16 companhias aéreas — incluindo da TAP, que já recebeu dez aeronaves deste modelo. Este modelo de avião tem um comprimento de 63 metros e uma autonomia para 13.400 quilómetros, podendo ter entre 260 a 300 lugares sentados.

Os aviões A330Neo são os mais recentes ao serviço da TAP, que foi a primeira companhia do mundo a operar o modelo.

A entrega destas aeronaves à TAP foi adiada duas vezes. O anterior presidente executivo da TAP Portugal, Fernando Pinto, justificava em 2016 o adiamento com “uma revisão, por parte do fabricante francês, do calendário de entrega dos novos aviões de longo curso”.