Bastonário dos Médicos diz que situação em maternidades “ultrapassa o aceitável”
Segundo Miguel Guimarães, o Ministério da Saúde “tem sido sucessivamente alertado para os problemas, mas os seus responsáveis, “mesmo perante as evidências, preferem negar a realidade”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou este sábado que a situação nas urgências externas das maternidades, decorrente da falta de especialistas em ginecologia e obstetrícia, “ultrapassa os limites do aceitável”.
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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou este sábado que a situação nas urgências externas das maternidades, decorrente da falta de especialistas em ginecologia e obstetrícia, “ultrapassa os limites do aceitável”.
“O que está a acontecer ultrapassa os limites do aceitável e só contribui para um sentimento de insegurança indesejável. É necessário existir um planeamento adequado das necessidades dos serviços, ter uma organização modelar e encontrar verdadeiras soluções para os problemas e não apenas insistir na improvisação em cima do joelho”, frisa Miguel Guimarães, num comunicado a propósito de dificuldades em 13 maternidades do Norte do país reveladas este sábado, que se somam às já divulgadas quanto à região de Lisboa e do Sul.
No caso do Norte, sublinha o bastonário, a Ordem dos Médicos “já tinha alertado que as apenas cinco vagas para especialistas em ginecologia/obstetrícia impostas pelo Ministério da Saúde para a região (em 45 vagas abertas este ano a nível nacional) eram manifestamente insuficientes para uma população de 3,7 milhões de pessoas, mas nada foi feito para corrigir a situação”.
Segundo Miguel Guimarães, o Ministério da Saúde “tem sido sucessivamente alertado para os problemas pelos profissionais e pela própria Ordem dos Médicos, mas os seus responsáveis, “mesmo perante as evidências, preferem negar a realidade”.
Desta vez, sublinhou, a ministra recebe uma carta de 13 directores de serviço de hospitais do Norte do país que avisam que as urgências externas das maternidades estão comprometidas já a partir de Julho. Estarão todos errados como faz crer a tutela?”, questiona o bastonário, que pediu a marcação de uma reunião com os directores de serviço de ginecologia/obstetrícia e neonatologia das regiões Norte e Centro do país para o dia 1 de Julho, nas instalações do Porto da Ordem dos Médicos.
A carta dos 13 directores de serviço, citada este sábado no Jornal de Notícias, avisa a ministra da Saúde, Marta Temido, e a Administração Regional de Saúde do Norte de que, se continuarem impedidos de contratar novos profissionais, “não será possível garantir as urgências” de ginecologia/obstetrícia na região “nos meses de Julho, Agosto e Setembro”.
O bastonário manifesta o seu “total apoio e solidariedade para com os directores de serviço e todos os médicos que diariamente dão o seu melhor ao serviço da causa pública” e assinala que “as más políticas de saúde, condicionadas pelas finanças, estão a ter um efeito devastador na capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Na sequência de problemas semelhantes em Beja, Portimão e Lisboa, a Ordem dos Médicos avançou que tem inscritos 1400 especialistas em ginecologia e obstetrícia com menos de 70 anos, sendo que só 850 trabalham no SNS, dois terços têm 50 anos ou mais e metade 55 anos ou mais.
“Seriam necessários pelo menos mais 150 especialistas para equilibrar a capacidade de resposta”, na avaliação da estrutura dirigida por Miguel Guimarães.