Sarkozy vai mesmo ser julgado por corrupção e tráfico de influências
O antigo Presidente francês tentou influenciar um juiz para evitar entregar agendas que o poderiam comprometer em investigações sobre suspeitas de financiamento líbio às suas campanhas eleitorais.
Nicolas Sarkozy vai mesmo ser julgado sob a acusação de tráfico de influência e corrupção de um juiz do Tribunal da Relação de Paris. Os últimos recursos neste caso foram definitivamente rejeitados esta quarta-feira – será a primeira vez que um ex-Presidente da República francês será julgado por corrupção.
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Nicolas Sarkozy vai mesmo ser julgado sob a acusação de tráfico de influência e corrupção de um juiz do Tribunal da Relação de Paris. Os últimos recursos neste caso foram definitivamente rejeitados esta quarta-feira – será a primeira vez que um ex-Presidente da República francês será julgado por corrupção.
Segundo a agência AFP, foram rejeitados os recursos de Sarkozy, do seu advogado Thierry Herzog e do ex-juiz Gilbert Azibert. O processo teve origem em escutas ao telefone do ex-Presidente devido a suspeitas de que tinha recebido dinheiro do líder líbio Muammar Khadafi para financiar a campanha para as presidenciais de 2007. Enquanto Sarkozy e o seu advogado são acusados de “corrupção e tráfico de influências”, Herzog e Azibert serão julgados por “violação do segredo profissional”.
Nas escutas em causa, conhecidas em Março de 2014 e validadas pelo Supremo Tribunal, Sarkozy discutia com o seu advogado como corromper o juiz, para obter informação sobre a investigação que então decorria à suspeita de financiamento ilegal da campanha eleitoral para as presidenciais de 2012 pela herdeira do império de cosmética L’Oréal, Liliane Bettencourt. Os investigadores não conseguiram encontrar provas para culpar o ex-Presidente e afastaram-no definitivamente do caso em Outubro de 2013.
O ex-Presidente pretendia a intervenção do juiz Azibert para evitar entregar as suas agendas à justiça. Sarkozy insistiu em não entregar os documentos, pois teriam impacto noutros casos em investigação, como o de de Bernard Tapie-Crédit Lyonais, no qual Sarkozy é suspeito de ter interferido a favor do empresário, ou no quadro do inquérito sobre o eventual financiamento líbio às suas campanhas eleitorais.
O antigo Presidente tem outros processos pendentes na justiça. Um deles, o Bygmalion, refere-se a financiamento ilegal da campanha eleitoral de 2012 por parte da União para um Movimento Popular (UMP, o partido que Sarkozy rebaptizou Os Republicanos), foi também enviado para julgamento. A justiça procura ainda apurar se a agência de comunicação Bygmalion passou facturas falsas para mascarar o facto de ter ultrapassado em 20,5 milhões de euros o limite máximo de despesas (que é de 22,5 milhões) em campanhas.
Sarkozy perdeu as eleições presidenciais de 2012 para o socialista François Hollande.
O ex-Presidente francês Jacques Chirac foi condenado em 2011 a dois anos de prisão com pena suspensa devido a empregos falsos no município de Paris, num caso que vem da década de 1990, quando era presidente da Câmara. Os termos usados neste processo não são “por corrupção”, como no caso de Sarkozy, mas “desvio de fundos públicos” e “abuso de confiança”.