Dez mil postais entregues em Lisboa para exigir remoção de resíduos em São Pedro da Cova
População da vila mineira voltou a pedir a atenção governamental para o tema. Nas escombreiras das minas há ainda mais de 125 mil toneladas resíduos
O presidente da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, em Gondomar, entregou esta quarta-feira dez mil postais na residência oficial do primeiro-ministro para exigir a remoção total dos resíduos perigosos da região. Pedro Miguel Vieira, da CDU, falou aos jornalistas em Lisboa, à porta do Palácio de São Bento, depois ter entregado três caixas de resmas de papel, com milhares de postais assinados pela população local, demonstrando preocupação com os resíduos industriais perigosos depositados, há quase 20 anos, nas escombreiras das minas de carvão de São Pedro da Cova.
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O presidente da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, em Gondomar, entregou esta quarta-feira dez mil postais na residência oficial do primeiro-ministro para exigir a remoção total dos resíduos perigosos da região. Pedro Miguel Vieira, da CDU, falou aos jornalistas em Lisboa, à porta do Palácio de São Bento, depois ter entregado três caixas de resmas de papel, com milhares de postais assinados pela população local, demonstrando preocupação com os resíduos industriais perigosos depositados, há quase 20 anos, nas escombreiras das minas de carvão de São Pedro da Cova.
“Viemos aqui transmitir o perigo dos resíduos para a saúde pública. Os postais simbolizam o sentimento de uma população que se sente prejudicada pela deposição dos resíduos em São Pedro da Cova”, salientou.
Em causa está uma situação que remonta a 2001/2002, quando toneladas de resíduos industriais perigosos provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou entre 1976 e 1996, na Maia, foram depositadas nas escombreiras das minas de carvão de São Pedro da Cova. A remoção de resíduos começou em Outubro de 2014, mais de dez anos depois, tendo terminado em Maio do ano seguinte, com a retirada de 105 mil toneladas.
De acordo com Pedro Miguel Vieira, o Governo transmitiu preocupação em resolver a situação, sem avançar com uma data para concluir a segunda fase de remoção de mais 125 mil toneladas resíduos, como crómio, chumbo e zinco. “Não foi transmitida uma previsão. O Governo está preocupado e isso nós sabemos. Mas consideramos que se pode fazer mais, e que [o Governo] tem mecanismos para ultrapassar esta situação”, indicou o dirigente, reiterando que “basta de adiamentos, basta de atrasos”.
O Ministério do Ambiente, através do Fundo Ambiental, alocou 12 milhões de euros para a remoção total e o concurso registou sete candidatos. Em Abril de 2018 foi anunciado que a empreitada terminaria este ano, mas em Junho do ano passado a retirada dos resíduos foi adiada, devido a uma impugnação judicial, que deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, instaurada por um concorrente que não ganhou o concurso.
Este é um tema que tem gerado, ao longo dos anos, muita contestação da comunidade local, que já organizou manifestações e vigílias.
A 13 de Maio, a União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova lançou uma campanha com o nome “Remoção total dos resíduos perigosos já!”, que consistia na distribuição de postais com imagens a simbolizar sinais de perigo e produtos tóxicos. A deputada do PCP Diana Ferreira e Mariana Silva, dos Verdes, compareceram também na residência do primeiro-ministro, sensibilizando-se com a situação.