Mais de 260 golfinhos deram à costa nos Estados Unidos desde Fevereiro

Os cientistas acreditam que as mortes destes mamíferos marinhos poderão estar relacionadas com a explosão numa plataforma de perfuração explorada pela BP, que resultou num grave derrame de petróleo no Golfo do México, em 2010.

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Um golfinho-roaz Reuters/HO

Mais de 260 golfinhos deram à costa, desde o início de Fevereiro, nos estados norte-americanos do Golfo do México. Os números são três vezes superiores à média, segundo a Administração Nacional Atmosférica e Oceânica norte-americana (NOAA na sigla original).

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Mais de 260 golfinhos deram à costa, desde o início de Fevereiro, nos estados norte-americanos do Golfo do México. Os números são três vezes superiores à média, segundo a Administração Nacional Atmosférica e Oceânica norte-americana (NOAA na sigla original).

A NOAA classifica o fenómeno como um “evento de mortalidade anormal”, revelando no seu site que mais de 261 golfinhos-roazes deram à costa desde o dia 1 de Fevereiro nos EUA. Porém, de acordo com o Guardian o número poderá ser superior: Segundo dados citados pelo diário britânico, pelo menos 279 golfinhos deram à costa, 98% dos quais acabaram por morrer.

Os cientistas acreditam que as mortes destes mamíferos marinhos poderão estar relacionadas com a explosão numa plataforma de perfuração explorada pela BP, que resultou num grave derrame de petróleo no Golfo do México, em 2010. As cheias no Mississípi, assim como a abertura das comportas de segurança de Bonnet Carre, poderão estar também entre as possíveis causas de morte destes animais, visto que o escoamento de água doce leva a uma diminuição da salinidade — o que afecta a saúde dos mamíferos marinhos, provocando, por exemplo, lesões na pele (como é possível observar na imagem abaixo).

Relatórios citados pelo Guardian sugerem ainda que o derrame de petróleo no Golfo do México poderá ter causado danos nos pulmões e nas glândulas supra-renais dos golfinhos, provocando stress nestes animais, assim como anomalias no sangue e outros problemas de saúde.

A especialista Teri Rowles, que pertence à NOAA, explica ainda ao Guardian que os níveis de reprodução da espécie continuam abaixo do normal nas áreas mais afectadas pelo derrame de petróleo.

Já Erin Fougeres, também cientista da NOAA especializada em mamíferos marinhos, revela que 23% dos golfinhos encalhados desde o Luisiana a Panhandle, no Noroeste da Florida, apresentavam feridas resultantes da exposição à água doce. De acordo com o site da NOAA, estas lesões “não são incomuns” na Primavera.

Contudo, a água doce “não parece ser a causa da morte de todos os animais”, acrescenta ao Guardian Erin Fougeres, pelo que os cientistas vão prosseguir com a investigação. No entanto, de acordo com a especialista, 70% das carcaças dos golfinhos encontram-se já num avançado grau de decomposição, o que poderá dificultar as autópsias.

O Mississípi foi o estado onde se encontraram mais golfinhos, com 121 animais a darem à costa até à passada quarta-feira. Encalharam ainda 89 golfinhos no Luisiana​, 32 no Alabama e 37 na Florida.

A poluição dos rios, que acaba por ir parar aos oceanos, assim como a diminuição das populações de peixes e caranguejos (alimento dos golfinhos) e a perda de habitat poderão estar também entre as causas deste fenómeno.

Segundo Fougeres, tem também aumentado o número de tartarugas que, à semelhança dos golfinhos, têm vindo a dar à costa no Mississípi e Luisiana, fenómeno que está a ser investigado.

No entanto, os elevados níveis de mortalidade destes animais poderão não baixar tão cedo. Segundo previsões da NOAA, o próximo Verão ficará marcado por uma diminuição dos níveis de oxigénio (que poderão chegar a ser nulos) numa grande parte do Golfo do México — aproximadamente do tamanho do estado do Massachusetts —, o que terá repercussões graves na vida marinha.