Autoridades andam a matar cães com choques eléctricos em Cabo Verde

Organização fala em “chacina de cães” na cidade da Praia. Câmara diz que a morte por electrocussão dos cães vadios é legal.

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Vereador da Câmara da Praia reconhece que "não é a abater os cães que se resolve o problema" Enric Vives-Rubio/Arquivo

Os cães vadios capturados pelos serviços municipais da Cidade da Praia estão a ser mortos por electrocussão na lixeira municipal, um método criticado por organizações da sociedade civil que acusam a câmara de ignorar os esforços para “o controlo sustentável e humanizado da população canina”.

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Os cães vadios capturados pelos serviços municipais da Cidade da Praia estão a ser mortos por electrocussão na lixeira municipal, um método criticado por organizações da sociedade civil que acusam a câmara de ignorar os esforços para “o controlo sustentável e humanizado da população canina”.

As declarações constam de uma carta enviada ao Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pelo Movimento Civil Comunidade Responsável, a que a Lusa teve acesso.

“A Câmara Municipal da Praia tem levado a cabo uma autêntica chacina dos cães errantes na cidade, ignorando todos os esforços das organizações da sociedade civil e cidadãos”, refere a associação na missiva ao chefe de Estado, onde denunciam a “a intolerável situação de maltratos dos animais” e pedem a sua intervenção.

A organização refere que a viatura de recolha do lixo do departamento do Ambiente da Câmara da Praia circula pela cidade para capturar os cães que encontra, levando-os para a lixeira municipal, com vista “a executá-los por electrocussão 24 a 48 horas depois da captura, se não forem reclamados”.

Os cães são abatidos através de um ferro introduzido no ânus que lhes dá choques de 380 volts, refere a mesma organização, “um método ineficaz e inútil a perpetuar a violência gratuita contra seres vivos sencientes, que sentem dor e medo da tortura”.

À Lusa, o vereador da Cultura, Ambiente e Saneamento garante que o que o município faz é legal e está previsto pelo Código de Posturas Municipais, aprovado em 2014. António Lopes da Silva reconhece que “não é a abater os cães que se resolve o problema”, mas “há bairros onde as campanhas de castração não chegam e o número de cães é tão elevado que, perante as queixas dos moradores, a câmara tem de determinar a sua captura”.

Na carta a Jorge Carlos Fonseca, o movimento recorda que “a electrocussão é internacionalmente proibida por convenções internacionais, das quais Cabo Verde faz parte”, por “causar um extremo sofrimento aos animais”, além de que “a morte é completamente ineficiente no controlo da população de cães a longo prazo” e não reduz as doenças transmitidas aos seres humanos.

Silva Lopes refere que a autarquia está a trabalhar com as associações defensoras dos animais na castração dos animais, mas que isso só “não chega”, até porque na maioria dos bairros da capital cabo-verdiana não há campanhas de esterilização. Até há pouco tempo, a câmara recorria ao envenenamento por estricnina para matar os animais.

A petição lançada pelo Movimento Civil Comunidade Responsável para pôr fim à electrocussão já reuniu, entretanto, perto de 700 assinaturas.