Huawei adia telemóvel com ecrã dobrável
Empresa quer fazer mais testes. Samsung já fez o mesmo com o seu modelo, levantando questões sobre o estado da tecnologia.
A Huawei adiou o lançamento do seu telemóvel com ecrã dobrável – e, desta vez, a causa não são as sanções dos EUA.
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A Huawei adiou o lançamento do seu telemóvel com ecrã dobrável – e, desta vez, a causa não são as sanções dos EUA.
A chegada ao mercado do Mate X passou de Junho para Setembro, com o objectivo de testar melhor a tecnologia. É uma precaução que chega depois de o telemóvel com ecrã dobrável da Samsung ter revelado problemas em várias unidades que foram enviadas para a imprensa, levantando dúvidas sobre se a tecnologia está pronta para chegar às mãos dos consumidores.
A decisão da Huawei foi tornada pública à margem de uma conferência de tecnologia em Hong Kong, organizada pelo jornal americano The Wall Street Journal. “Estamos a fazer muitos testes”, afirmou ao jornal um dos vice-presidentes da empresa chinesa, Vincent Peng. O executivo acrescentou que o objectivo é lançar o telemóvel “tão cedo quanto possível”.
O Mate X foi revelado em Fevereiro, no Mobile World Congress, em Barcelona. Com um preço anunciado de 2229 euros, o aparelho tem um grande ecrã de oito polegadas que se dobra, fazendo com o telemóvel fique com dois ecrãs, um de cada lado do aparelho.
A abordagem é diferente do que acontece no Galaxy Fold, da Samsung, que foi apresentado na mesma altura. Neste caso, o telemóvel tem um ecrã independente quando está dobrado, e pode ser aberto para revelar um segundo ecrã de maiores dimensões. Foi anunciado com um preço de 1980 dólares, cerca de 1800 euros.
Os ecrãs dobráveis têm sido vistos como uma tecnologia para reavivar o interesse dos consumidores num mercado que está em queda. “Vai voltar a haver um grande interesse em mudar de telemóvel quando chegarem os telemóveis dobráveis, porque as pessoas querem ecrãs maiores”, disse ao PÚBLICO o analista da IDC Francisco Jerónimo, no dia da apresentação do Fold.
A tecnologia, porém, tarda em chegar aos possíveis compradores.
A Samsung sofreu um revés quando várias unidades que entregou para serem analisadas pela imprensa revelaram problemas no ecrã. Alguns dos ecrãs deixaram de funcionar, ao passo que outros começaram a apresentar elevações na zona onde o ecrã se dobra. Parte dos problemas foram causados por utilizadores que retiraram do ecrã o que julgavam ser apenas uma película protectora, mas que fazia parte integral do aparelho. Noutros casos, porém, as falhas aconteceram mesmo sem que a película fosse removida.
Os problemas levaram a Samsung a adiar o lançamento, que estava planeado para Abril. “Vamos tomar medidas no sentido de reforçar a protecção do ecrã. Vamos também melhorar as nossas recomendações sobre o cuidado e utilização do ecrã, incluindo da camada protectora, para que os nossos consumidores consigam tirar o melhor partido no seu Galaxy Fold”, justificou então a empresa.
O adiamento do Huawei Mate X surge quando a empresa se debate com os problemas causados por sanções dos EUA, que decidiram impedir empresas americanas de terem relações comerciais com a fabricante chinesa.
A proibição só entrará em vigor em Agosto, mas já está a causar danos na marca, à medida que empresas como o Google (que é o principal responsável pelo sistema operativo Android) e o Facebook afirmam que terão de deixar de fornecer os seus serviços e software à Huawei. Fabricantes de processadores também já disseram que terão de deixar de trabalhar com a empresa.
Esta semana, foi noticiado que a empresa está a registar a marca um sistema operativo alternativo ao Android, chamado Hongmeng, em vários países, incluindo na União Europeia. O jornal South China Morning Post, de língua inglesa, publicou um artigo sobre os esforços da Huawei para criar de forma semi-secreta uma alternativa ao Android. Segundo o jornal, o desenvolvimento da plataforma é anterior às sanções, mas o processo foi acelerado após estas terem sido anunciadas, em Maio.
A Huawei está entretanto a contestar as sanções junto da justiça dos EUA.