Oiçamos as vozes enterradas em jardins da Síria
Antes da sua reabertura oficial, o Teatro do Bairro Alto apresenta na Politécnica, em Lisboa, a instalação-performance Gardens Speak, de Tania El Khoury. Dez vidas ceifadas pelo regime sírio que se escutam de ouvidos na terra.
Mãos e ouvidos para chegar a uma história. As mãos lançam-se à terra, esgravatam quanto podem e o ouvido encosta-se ao solo revolvido, tentando escutar uma de dez narrativas de morte que Tania El Khoury andou a desenterrar durante os últimos anos. Tudo começou com uma fotografia no início da sublevação síria de 2011, contra o regime de Bashar al-Assad (herdado do seu pai, Hafez al-Assad), que documentava um funeral acontecido da forma mais privada possível – o corpo era depositado não num cemitério, mas no jardim de uma casa de família. Essa imagem alojou-se na cabeça da artista libanesa e não lhe deu descanso, intrigando-a acerca do porquê de uma tal medida que trazia a morte para dentro de casa e a tornava uma presença constante, como que eternizando o luto, não deixando que se cumprisse. El Khoury ligou então para activistas e jornalistas amigos que viviam na Síria, questionando-os acerca desse acontecimento que, como suspeitara, era um pequeno fenómeno e não um caso isolado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Mãos e ouvidos para chegar a uma história. As mãos lançam-se à terra, esgravatam quanto podem e o ouvido encosta-se ao solo revolvido, tentando escutar uma de dez narrativas de morte que Tania El Khoury andou a desenterrar durante os últimos anos. Tudo começou com uma fotografia no início da sublevação síria de 2011, contra o regime de Bashar al-Assad (herdado do seu pai, Hafez al-Assad), que documentava um funeral acontecido da forma mais privada possível – o corpo era depositado não num cemitério, mas no jardim de uma casa de família. Essa imagem alojou-se na cabeça da artista libanesa e não lhe deu descanso, intrigando-a acerca do porquê de uma tal medida que trazia a morte para dentro de casa e a tornava uma presença constante, como que eternizando o luto, não deixando que se cumprisse. El Khoury ligou então para activistas e jornalistas amigos que viviam na Síria, questionando-os acerca desse acontecimento que, como suspeitara, era um pequeno fenómeno e não um caso isolado.