Guterres é capa da Time: salvar o planeta “é a batalha das nossas vidas”
O secretário-geral das Nações Unidas é capa da revista Time. A propósito das alterações climáticas, António Guterres alertou para a situação de emergência — “um problema de todos nós” e que, para ser resolvido, precisa que “todos se juntem”.
Com água pelos joelhos, António Guterres é capa da revista Time, na edição de 24 de Junho. E a fotografia, captada na costa de Tuvalu, na Polinésia — uma das zonas mais vulneráveis do planeta, devido ao aumento do nível do mar —, já deixa prever o tema: emergência climática. “Um problema de todos nós.”
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Com água pelos joelhos, António Guterres é capa da revista Time, na edição de 24 de Junho. E a fotografia, captada na costa de Tuvalu, na Polinésia — uma das zonas mais vulneráveis do planeta, devido ao aumento do nível do mar —, já deixa prever o tema: emergência climática. “Um problema de todos nós.”
“Para mim, as alterações climáticas são uma área onde as Nações Unidas têm obrigação de assumir liderança global”, começa por referir o secretário-geral, citado no site da Time. “Não é uma questão de diplomacia… É absolutamente essencial para o planeta e temos obrigação de fazer tudo o que pudermos para reverter a situação actual”, continua. Para isso, acredita que é preciso que “todos se juntem”.
Até porque considera que as alterações climáticas “estimulam o multilateralismo”: “O que neste momento ameaça o multilateralismo em muitas sociedades são problemas como a falta de capacidade da comunidade internacional para lidar com questões como os migrantes, por exemplo”. A crise climática é, acrescenta, “uma forma do multilateralismo provar o seu valor”.
Depois de dez anos a trabalhar como comissário para os refugiados, o secretário-geral das Nações Unidas sublinha que este é um assunto “mais complexo”, mas que caso consiga “mobilizar líderes e levá-los a tomar as decisões certas” pode evitar “a morte de muitas pessoas” e fazer com que muitas “vejam a sua vida melhorar”. “A parte boa de ir ao Pacífico [onde a fotografia foi tirada] é ver algumas das pessoas que podemos salvar. E isso dá-nos, por um lado, uma obrigação moral enorme e, por outro, um entusiasmo enorme para fazer coisas”, refere.
A estratégia para reverter a situação de emergência climática pode estar “na opinião pública”, acredita. “Há 200 anos, as decisões eram tomadas pelo rei e isso era fácil… convencer o rei”; agora, há que convencer “aqueles que podem progressivamente mudar a opinião pública e obrigar os governos a mudar”.
António Guterres quer “chamar os países a fazerem a sua parte”: “Todos sabemos o que tem de ser feito. As provas científicas estão lá.” O secretário-geral acredita que estão a ser feitos alguns progressos, mas prefere esperar pela Cimeira do Clima, que tem data marcada para 23 de Setembro. A ideia, explica, “não é convocar uma conferência para chegar a um consenso sobre um documento”: “É para fazer cada país assumir a liderança e ambição que é necessária”, fazê-los perceber que “esta é a batalha das nossas vidas”.
A Cimeira do Clima deverá também “mobilizar a opinião pública, os governos, os stake holders” e acelerar as metas definidas para 2020. “É um desafio”, admite. “Mas uma coisa é certa: não podemos perder esta batalha.”