Esquerda espanhola desenha um Congresso à sua medida e põe Vox no galinheiro
Vox desterrado para o chamado “galinheiro”, enquanto o Cidadãos deixou a bancada central para figurar à direita junto do Partido Popular.
A nova arquitectura das bancadas do Congresso espanhol, desenhada esta terça-feira pelos socialistas e o Podemos, que detêm maioria na Mesa do Congresso (cinco em nove lugares), deixou o Cidadãos e o Vox zangados e com vontade de avançar com recursos para invalidar a decisão.
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A nova arquitectura das bancadas do Congresso espanhol, desenhada esta terça-feira pelos socialistas e o Podemos, que detêm maioria na Mesa do Congresso (cinco em nove lugares), deixou o Cidadãos e o Vox zangados e com vontade de avançar com recursos para invalidar a decisão.
Com o novo desenho, o partido de Albert Rivera perde o lugar central que tinha no hemiciclo anterior e ficará à direita, junto com o Partido Popular. Quanto à formação de extrema-direita, a maioria da Mesa reservou-lhe um lugar na zona central, mas nas últimas filas, aquilo a que vulgarmente se chama o “galinheiro”.
Enquanto o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) ficou com todo o lado esquerdo do parlamento para a sua bancada, com excepção de cinco lugares do grupo misto, formado por pequenos partidos, o Unidas Podemos reservou para os seus 42 deputados um lugar central, tendo ao seu lado os seis deputados do Partido Nacionalista Basco, nas duas primeiras filas, e os 14 da Esquerda Republicana da Catalunha a seguir (eram 15, mas Oriol Junqueras, o dirigente que está a ser julgado pelo Supremo Tribunal, teve o mandato suspenso e passou ao grupo misto). Todos eles à frente do Vox.
O único partido que votou contra na Mesa foi o Cidadãos, porque queria manter o seu lugar central no parlamento, enquanto o Partido Popular optou por não participar na votação, justificando-se com o facto de não haver unanimidade de todas as formações políticas quanto à nova disposição do hemiciclo. Os Populares alegam que a esquerda definiu os lugares sem negociar com os outros como é hábito.
Socialistas e Podemos chegaram à reunião desta terça-feira da Mesa com os lugares já atribuídos, levando ao abandono da votação dos representantes do PP, Ana Pastor, ex-presidente do Congresso de Deputados, e Adolfo Suárez Illana.
No novo Congresso de Deputados espanhol, o Podemos, que elegeu 42 deputados, não contará com nenhum lugar no galinheiro, enquanto o Cidadãos, terceira força política (57 deputados), terá 15 dos seus assentos na última fila de assentos parlamentares.
Para o Vox, o que se passou esta terça-feira no Congresso foi um “abuso”, ao relegarem para uma posição subalterna o quinto maior grupo parlamentar. “Humilharam-nos, mas não serão capazes de fazer calar a nossa voz”, afirmou o líder do partido, Santiago Abascal.
Para a secretária-geral do grupo parlamentar da formação de extrema-direita, Macarena Olona, os 24 deputados do Vox e os quase três milhões de votos que os elegeram mereciam outro tratamento por parte do Congresso, salientando que a sua colocação no hemiciclo “não está de acordo com o costume parlamentar nem com a representação que ostenta” o partido.
A decisão não apanhou o partido de surpresa, mesmo assim Iván Espinosa de los Monteros, porta-voz do grupo parlamentar, garantiu que vão recorrer da decisão, acusando o PSOE de ter uma estratégia para os subalternizar.
À margem disso, a Mesa confirmou a decisão de suspender os deputados independentistas presa e de não aceitar a petição da coligação Juntos pela Catalunha para que os seus sete deputados pudessem formar um grupo parlamentar próprio.