“É difícil desafiar Boris Johnson no carisma, mas ele é vulnerável na competência e no carácter”

Tim Bale, professor de Política Europeia e Britânica da Universidade de Queen Mary, diz que os candidatos à sucessão de May estão a “prometer o impossível” sobre o “Brexit”, porque só assim podem vencer eleição interna.

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Tim Bale, professor da Universidade de Queen Mary (Londres) DR

A corrida à liderança do Partido Conservador está focada no “Brexit”. Mas as promessas dos candidatos não parecem suficientes para ultrapassar os obstáculos que derrubaram May. É intencional ou não há soluções claras?
Praticamente todos os candidatos estão a prometer o impossível. Mas é isso que o militante comum do Partido Conservador quer ouvir. É difícil acreditar que qualquer um dos possíveis sucessores de May acredite realmente no que está a oferecer. A verdade é que, se quiserem mesmo vencer a eleição, não têm outra escolha. O que farão em relação ao “Brexit” depois da vitória é impossível prever.

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A corrida à liderança do Partido Conservador está focada no “Brexit”. Mas as promessas dos candidatos não parecem suficientes para ultrapassar os obstáculos que derrubaram May. É intencional ou não há soluções claras?
Praticamente todos os candidatos estão a prometer o impossível. Mas é isso que o militante comum do Partido Conservador quer ouvir. É difícil acreditar que qualquer um dos possíveis sucessores de May acredite realmente no que está a oferecer. A verdade é que, se quiserem mesmo vencer a eleição, não têm outra escolha. O que farão em relação ao “Brexit” depois da vitória é impossível prever.

Como está a reagir a opinião pública ao facto de a escolha do primeiro-ministro, num momento tão decisivo para o país, caber a “apenas” 120 mil militantes conservadores?
O Partido Conservador fala em 160 mil membros, mas é possível que muitos deles não possam sequer votar, por terem aderido recentemente ao partido. De qualquer forma, será a primeira vez que os militantes de um partido vão escolher não apenas o seu líder, mas o primeiro-ministro do Reino Unido. Uma grande fatia da oposição olha para esta possibilidade como uma atrocidade constitucional, particularmente porque as bases do partido tory são social e ideologicamente pouco representativas da sociedade britânica. A questão é que, uma vez que não temos uma Constituição escrita, e sendo os partidos organizações voluntárias, estes apenas têm de se reger pelos princípios gerais do Estado. Significa isto que podem inventar as suas próprias regras. Era, na verdade, uma situação que estava destinada a acontecer, algures no tempo.

É possível contrariar o favoritismo de Boris Johnson?
É muito difícil imaginar algum dos candidatos a desafiar Johnson, no que toca a carisma pessoal e reconhecimento público, mas ele é vulnerável em termos de competência e carácter. Desafiá-lo pode passar por aí. Se se tiver de apostar em alguém para vencer, o mais lógico é por as fichas em Johnson. No entanto, como em qualquer corrida de cavalos, ser favorito não garante a vitória a ninguém.