Eu ouvi!
A memória da luta do Dr. António Arnaut só será respeitada se a Lei de Bases da Saúde consignar a inequívoca distinção entre o que é público e o que é privado.
Eu ouvi o Dr. António Arnaut, em múltiplas sessões/debates, defender com a emoção que o caracterizava e com a razão que lhe assistia a sua obra emblemática, o Serviço Nacional de Saúde!
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Eu ouvi o Dr. António Arnaut, em múltiplas sessões/debates, defender com a emoção que o caracterizava e com a razão que lhe assistia a sua obra emblemática, o Serviço Nacional de Saúde!
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “O direito à protecção da saúde só pode realizar-se através de um SNS universal, geral e gratuito, que preste a todos os cidadãos o mesmo tipo de cuidados de saúde, sem qualquer discriminação!”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “É a igualdade no acesso e no tratamento, independentemente das condições económicas dos utentes, que garante a inclusão social, num domínio essencial à vida e dignidade humanas.”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “Depois de tantos anos já ninguém discute os méritos do SNS e os seus frutos.”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “Os opositores do SNS são os grandes grupos económico-financeiros que operam no ‘mercado’ e que lutam, desde sempre, clara ou disfarçadamente, pelo seu desmantelamento, descaracterização, ou pela redução a um serviço residual para os mais pobres...”; e continuou: “...esses grupos continuam na expectativa de que chegará a sua hora...”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “Se o Estado não cumprir os seus deveres sociais, para que serve o Estado?”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: ”Se o SNS for descaracterizado, será a própria democracia que é desvirtuada e enfraquecida!”
Eu ouvi o Dr. António Arnaut dizer: “Dói-me o tempo que fizeram perder ao SNS, mas quero agora olhar para o futuro com optimismo e segurança.”
A memória da luta do Dr. António Arnaut será respeitada se: 1) A Lei de Bases da Saúde, que em breve irá ser votada na AR, consignar a inequívoca distinção entre o que é público e o que é privado; 2) As verbas do Orçamento do Estado forem essencialmente utilizadas para o reforço do SNS; 3) O Estado assumir a gestão do serviço público de saúde, sem pôr em causa a legitimidade da iniciativa privada; 4) For garantida a universalidade do SNS, bem como a sua total cobertura nacional, como factor de coesão social.
Mas eu também ouvi o Dr. António Costa tornar público, no funeral de António Arnaut, o último pedido que este lhe fez quando já se encontrava debilitado numa cama de um hospital público: “Oh Costa, aguenta lá o SNS!” E eu também ouvi o Dr. António Costa prometer que “iríamos aguentar o SNS nesta geração e para as próximas gerações, porque o SNS veio para ficar e é seguramente uma das marcas do Portugal de Abril”.