Trump suspende taxas alfandegárias depois de México prometer aumentar controlo nas fronteiras

Donald Trump suspendeu a ameaça de começar a aplicar impostos sobre as exportações mexicanas para os EUA, uma vez que o Governo de Andrés Manuel López Obrador prometeu conter a entrada de imigrantes provenientes da América Central.

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LUSA/IAN LANGSDON / POOL

Os Estados Unidos da América e o México chegaram a acordo para evitar uma guerra de taxas alfandegárias, depois de o México ter concordado em apertar a segurança na fronteira entre os dois países e em mobilizar forças de segurança para conter o fluxo de imigrantes ilegais.

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Os Estados Unidos da América e o México chegaram a acordo para evitar uma guerra de taxas alfandegárias, depois de o México ter concordado em apertar a segurança na fronteira entre os dois países e em mobilizar forças de segurança para conter o fluxo de imigrantes ilegais.

Donald Trump ameaçou com a imposição, a começar já a 10 de Junho, de “taxas alfandegárias de 5% sobre todos os bens provenientes do México”, enquanto os imigrantes ilegais continuarem a atravessar a fronteira. “As taxas alfandegárias vão aumentar gradualmente até que o problema da imigração ilegal registe melhorias, altura em que as taxas serão eliminadas”, disse o presidente norte-americano no fim de Maio.

Numa declaração conjunta depois de três dias de negociações em Washington, os dois países garantiram que o México concordou em expandir imediatamente e ao longo de toda a fronteira um programa que envia imigrantes que procuram asilo nos Estados Unidos para o México. Segundo a Reuters, Trump disse que o México concordou em tomar medidas fortes para “reduzir ou eliminar” a imigração ilegal proveniente México.

“As taxas que estavam programadas para serem implementadas pelos EUA contra o México, estão suspensas indefinidamente”, afirmou Trump através do Twitter nesta sexta-feira.

Frustrado com o recente aumento do fluxo de imigrantes que sobrecarregou os recursos norte-americanos na sua fronteira a sul, Trump ameaçou impor taxas alfandegárias para fazer com que o México cedesse mais facilmente nas negociações.

O Presidente norte-americano já tinha até definido um calendário para o aumento gradual das taxas alfandegárias. “Se a crise [na fronteira] continuar, as taxas aumentarão 10% em 1 de Julho de 2019. Da mesma maneira, se o México não actuar para reduzir drasticamente ou eliminar o número de estrangeiros ilegais que atravessam o seu território em direcção aos Estados Unidos, as taxas alfandegárias sofrerão um novo aumento de 15% em 1 de Agosto de 2019, de 20% em 1 de Setembro de 2019 e de 25% em 1 de Outubro de 2019”, indicou.

Alguns grupos empresariais e mesmo alguns ex-aliados republicanos já se tinham mostrado insatisfeitos com a perspectiva de impor taxas alfandegárias sobre o principal parceiro comercial dos EUA, afirmando que a medida iria prejudicar a economia.

Também esta sexta-feira, o México anunciou o reforço da segurança na fronteira sul com a Guatemala para tentar travar a entrada de migrantes da América Central que tentam chegar aos EUA. Serão enviados seis mil elementos da Guarda Nacional para reforçar a área, explicou o chefe da diplomacia mexicana, Marcelo Ebrard, à saída de um encontro com dirigentes norte-americanos em Washington. O Ministro dos Negócios Estrangeiros também se mostrou satisfeitos com as negociações anunciadas no final do dia.

“Acho que é um equilíbrio justo, uma vez que no início das negociações estiveram em cima da mesa propostas mais drásticas e acabamos por chegar a um ponto de acordo intermédio”, afirmou Marcelo Ebrard​, destacando também o apoio dos EUA numa proposta mexicana que propõe uma abordagem em conjunto sobre as causas e consequências da imigração da América Central.

O acordo alcançado esta sexta-feira passou também pela promessa do México de expandir o seu programa de asilo a imigrantes conhecido por Remain in Mexico e que actualmente opera nas cidades fronteiriças de Tijuana, Mexicali e Ciudad Juarez.

Segundo o novo acordo, os cidadãos cujo pedido de asilo aos EUA é recusado serão enviados de volta para o México onde passarão longos períodos de tempo em cidade como Reynosa, na fronteira com o estado do Texas, onde os raptos a imigrantes por parte dos carteis de drogas são frequentes.

O programa foi contestado nos tribunais desde o início do ano pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e por outros grupos defensores dos direitos humanos que defendem que a medida coloca os requerentes de asilo em perigo e viola não só as leis do país como também as leis internacionais. Desde o início do programa, em Janeiro, 10,393 cidadãos provenientes da América Central já foram reencaminhados de volta para o México. 

Os dois países vão continuar em negociações que deverão ser concluídas em 90 dias, sendo que os seis mil elementos da Guarda Nacional mexicana deverão ser enviados já esta segunda-feira para a fronteira sul do México.

Mais de 144 mil migrantes da América Central que tentaram entrar nos EUA sem documentação para o poder fazer foram detidos na fronteira em Maio, o que representa uma subida de 32% em relação a Abril, dizem estatísticas da Agência de Protecção Fronteiriça e Aduaneira (CBP) dos Estados Unidos. Maio foi o mês com mais detenções desde que o Presidente Donald Trump tomou posse, e foi o número mensal mais elevado dos últimos 13 anos, de acordo com dirigentes da agência.