Constâncio já se lembra e garante que nada omitiu aos deputados

Depois de ter dito que não se lembrava de nada no Twitter, o antigo governador do Banco de Portugal divulgou um comunicado sobre a notícia avançada pelo PÚBLICO.

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Reuters/RALPH ORLOWSKI (arquivo)

Vítor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal, garantiu esta sexta-feira que “nada omitiu” na comissão parlamentar de inquérito à CGD e que o supervisor não tem conhecimento de operações de crédito antes de decididas pelos bancos.

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Vítor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal, garantiu esta sexta-feira que “nada omitiu” na comissão parlamentar de inquérito à CGD e que o supervisor não tem conhecimento de operações de crédito antes de decididas pelos bancos.

“Como expliquei correctamente na Assembleia da República (AR), o Banco de Portugal (BdP) não tem competência para ter conhecimento de operações de crédito antes de serem decididas pelos bancos, nem muito menos competência para as mandar anular”, afirmou Vítor Constâncio num esclarecimento escrito enviado à Lusa.

“Foi o que esclareci na AR onde não se abordaram questões sobre autorização de participações qualificadas, pelo que nada foi omitido da minha parte”, assegurou o antigo governador do BdP.

O esclarecimento feito por Constâncio acontece depois de o PÚBLICO ter noticiado esta manhã que o ex-governador do BdP teria participado, enquanto membro do Conselho de Administração do Banco de Portugal, na autorização de uma operação de crédito concedida pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao Grupo Berardo e teria omitido informações à AR.

No esclarecimento enviado à Lusa, Vítor Constâncio salientou que “ambas as coisas são falsas” e acrescentou que “o Banco de Portugal apenas teve de não objectar a que o referido Grupo ultrapassasse a percentagem de 5% que o caracterizaria como accionista qualificado do BCP”.

O antigo governador do BdP indicou ainda que quando aquela “decisão foi tomada já estava assinada a operação de crédito pela CGD”.

Não é verdade, no entanto, que à data em que o BdP analisou a compra de acções do BCP por Joe Berardo o crédito já tivesse sido dado: tinha sido aberta apenas uma linha de crédito, que é uma espécie de conta corrente.

A prova que o BdP pediu informação detalhada está na segunda carta. Depois de Joe Berardo ter dito que investiria no BCP com recursos próprios e crédito da CGD, acaba por na volta do correio admitir que vai financiar-se apenas na CGD e em 350 milhões.

De notar que o BCP era, na altura, o maior banco privado e Joe Berardo pedia autorização para ser o principal accionista privado. O BdP deveria ter garantido que o empresário tinha capitais próprios para investir (e não tinha).