“Orson Welles tinha um grande desejo de consumir. Não conseguia parar de comer, de amar – e de desenhar”
Mark Cousins mostra-nos um cartão de Natal desenhado por Welles. E, de forma bizarra, uma bota ortopédica que pertenceu ao cineasta. Os Olhos de Orson Welles tenta isso, é o seu gesto proustiano: um objecto como porta de entrada para o mundo de um homem. “Ao fazer este filme não aprendi quase nada acerca de Welles a nível intelectual, mas aprendi muito acerca da presença física enquanto homem”, diz-nos o crítico e historiador de cinema.
É provável que não seja coincidência o facto de Michael Moore ter produzido Os Olhos de Orson Welles, o documentário de Mark Cousins que no dia 13 chega às salas portuguesas, dado que ambos se expõem nos seus filmes e expressam muito claramente as suas opiniões. “Tal como muita gente que adora cinema, sempre adorei Orson Welles”, admite Cousins, 53 anos, que cresceu em Belfast, com mãe católica e pai protestante. “De certa forma ele parecia ser uma figura paternal para mim, e o meu filme é uma espécie de carta a um pai que já morreu.”