Manuela Ferreira Leite critica défice actual: “É suicida”
Em 2002, quando a economista ocupava o lugar de ministra de Estado e das Finanças (a primeira mulher a ocupar esse cargo), Manuela Ferreira Leite foi uma defensora do défice zero
Manuela Ferreira Leite, antiga líder do PSD e ministra das Finanças do governo de Durão Barroso, disse, aos microfones da TSF que o défice actual é “suicida” para o país.
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Manuela Ferreira Leite, antiga líder do PSD e ministra das Finanças do governo de Durão Barroso, disse, aos microfones da TSF que o défice actual é “suicida” para o país.
“Eu acho este défice absolutamente suicida em relação ao país, não tenho nenhuma dúvida em afirmar isto. Ninguém nos obriga a este défice, e tem um preço, que é este nível de carga fiscal e esta degradação dos serviços. Não é possível, evidentemente, é baixar os impostos, melhorar os serviços e o défice ficar na mesma. A política devia ser deixar crescer o défice, não para os 3%, mas também não para estarmos à procura de superavits. Isso é a verdadeira loucura”, afirmou, durante o programa Pares da República de terça-feira.
Acrescentando que o PS está a optar “pelo discurso da direita”, Manuela Ferreira Leite diz que é escusado estarmos “num aperto” que provoca uma degradação e que torna “cada vez mais difícil a reforma do Estado”, com “efeitos perniciosos” para as pequenas e médias empresas que não têm capacidade para lidar “com uma carga fiscal que não é competitiva para o exterior”.
“Eu sou defensora – e se não fosse estaria a ser incoerente – em relação ao equilíbrio das contas públicas. Uma coisa é o equilíbrio, outra é criar margem para que esse equilíbrio não redunde num desastre”, afirmou.
Em 2002, quando a economista ocupava o lugar de ministra de Estado e das Finanças (a primeira mulher a ocupar esse cargo), Manuela Ferreira Leite foi uma defensora do défice zero. Nesse ano, Ferreira Leite garantia que não hesitaria em assumir novas medidas de austeridade, se a situação orçamental chegasse a estar em risco de derrapar face aos novos objectivos do Governo – um défice “próximo do zero” até 2004.
“É evidente que aquilo que interessará e que é essencial é que estejamos numa tendência decrescente e tão próxima do zero quando possível”, citava o PÚBLICO.
Jorge Sampaio, Presidente da República em 2002, mostrava-se contrário aos seus apelos à contenção orçamental (com vista à diminuição do défice) e chegou a responder-lhe com uma frase que acabaria por ficar na memória colectiva dos portugueses: “Há mais vida para além do Orçamento”.
Ribeiro e Castro aponta erros da direita
Também no programa Pares da República, Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS, defendeu que a direita portuguesa cometeu dois erros nos últimos anos: um ao atacar Mário Centeno “porque a austeridade continua” e outro ao criticar a solução encontrada por António Costa para governar.
“No Expresso, vinha outra vez, na carta aberta de Jorge Moreira da Silva a Rui Rio, a ideia de que PSD e CDS ganharam as legislativas de Outubro de 2015. Não ganharam, foram os mais votados, mas não ganharam. Esse discurso foi sempre – umas vezes explícito, outras vezes escondido – sentido como mau perder. Quem se convence de que ganhou, não precisa de fazer mais para ganhar. O problema é que, continuando a ganhar dessa maneira, vai continuar-se a perder”, disse.
Na dimensão financeira, e acedendo que “é muito difícil para a opinião pública perceber” que o esforço de “rectificação financeira” encetado pelo Governo de Passos Coelho foi “muito duro e muito exigente”, Ribeiro e Castro aponta o dedo a quem “depois passa à oposição e diz ‘Criticavas a austeridade? Então agora critico-te eu a ti'”. “Há uma descontinuidade difícil de perceber”, disse Ribeiro e Castro.