Mesmo com menos público, o Nos Primavera Sound de 2019 vai estar “quase cheio”
A organização do festival garante que “compensou” apostar no cartaz “mais arriscado de sempre”.
A opção do Nos Primavera Sound por um cartaz menos alinhado com os géneros em que a sua reputação se ancorou desde a fundação em Barcelona, em 2001, afectou objectivamente o padrão de vendas de bilhetes do festival, mas no fim do dia os danos não serão assim tão grandes: a fasquia dos 30 mil espectadores atingida há um ano com Nick Cave, e que corresponde à lotação máxima do recinto, não deverá repetir-se, mas a organização diz estar “muito perto de chegar às 28 mil pessoas” na sexta-feira e no sábado. “Quem lá for encontrará na prática o mesmo panorama dos anos anteriores, porque o festival vai estar quase cheio”, antecipa José Barreiros.
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A opção do Nos Primavera Sound por um cartaz menos alinhado com os géneros em que a sua reputação se ancorou desde a fundação em Barcelona, em 2001, afectou objectivamente o padrão de vendas de bilhetes do festival, mas no fim do dia os danos não serão assim tão grandes: a fasquia dos 30 mil espectadores atingida há um ano com Nick Cave, e que corresponde à lotação máxima do recinto, não deverá repetir-se, mas a organização diz estar “muito perto de chegar às 28 mil pessoas” na sexta-feira e no sábado. “Quem lá for encontrará na prática o mesmo panorama dos anos anteriores, porque o festival vai estar quase cheio”, antecipa José Barreiros.
Curiosamente, o dia em que o director do festival depositava mais expectativas, este primeiro que tem Solange como cabeça de cartaz, foi o que vendeu menos, embora “claramente acima das 20 mil pessoas” – “mas as previsões meteorológicas também não são fantásticas”, nota, aludindo à chuva e aos ventos fortes que a depressão Miguel deverá trazer ao Norte do país esta quinta-feira.
A organização assume que o cartaz desta edição é “o mais arriscado de sempre”, aceitando apenas compará-lo, no grau de aventureirismo, ao de 2013. “Nesse ano apostámos num nome que achámos que ia fazer o festival, os Blur, e não foi assim tão óbvio. Mas logo no ano seguinte assumimos a vontade de ir ao hip-hop e trouxemos o Kendrick Lamar”, lembra José Barreiros.
Ainda assim, o director do festival garante que “o risco de tentar tocar públicos que o Nos Primavera Sound habitualmente não toca compensou”, e que não considera perdidos, à custa de investidas eventualmente iconoclastas como J Balvin ou Rosalía, os fiéis mais linha dura (leia-se: pop e rock de linhagem indie) do festival. De resto, a vontade de aproximação aos géneros musicais mais demandados pela faixa etária abaixo dos 20 já tinha alguns anos, e as circunstâncias particulares desta temporada de festivais permitiram-lhe finalmente ir aonde nunca tinha ido antes, assumindo no cartaz o desejo de baixar a idade-média dos seus frequentadores.
“2019 é um ano francamente mau para festivais: aqueles nomes grandes que fazem a bilheteira sozinhos não estão disponíveis e isso encorajou-nos a encará-lo como um ano zero para explorar outras possibilidades.” E outras línguas também, antecipando a próxima grande operação expansionista da marca, que em Setembro de 2020 dará um salto transatlântico e fará a sua primeira edição nos Estados Unidos. Não por acaso, naquela que é de longe uma das cidades mais hispânicas do país, onde o idioma que 39% dos residentes falam em casa é justamente o de J Balvin e de Rosalía (e que em 2017 esta escolheu para título do seu primeiro álbum): Los Angeles.