Saltos altos obrigatórios no trabalho? O #KuToo diz que é “discriminação sexual”
O movimento #KuToo quer acabar com as convenções que forçam mulheres a usar saltos altos no trabalho. Uma petição com mais de 19 mil assinaturas já foi apresentada ao Ministério do Trabalho do Japão: as impulsionadoras dizem que são os “pés de lótus” modernos.
Um grupo de japonesas quer acabar com as convenções que obrigam as mulheres a usar saltos altos no trabalho ou em entrevistas de emprego. Apresentaram uma petição ao Governo e criaram o movimento #KuToo — nome que resulta de um trocadilho entre as palavras japonesas kutsu (sapatos) e kutsuu (dor), criando uma nova versão do movimento contra o assédio sexual #MeToo.
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Um grupo de japonesas quer acabar com as convenções que obrigam as mulheres a usar saltos altos no trabalho ou em entrevistas de emprego. Apresentaram uma petição ao Governo e criaram o movimento #KuToo — nome que resulta de um trocadilho entre as palavras japonesas kutsu (sapatos) e kutsuu (dor), criando uma nova versão do movimento contra o assédio sexual #MeToo.
Depois de uma reunião com autoridades do Ministério do Trabalho japonês, em Maio, Yumi Ishikawa, impulsionadora do movimento, disse querer “criar leis que penalizem os empregadores que obriguem as mulheres a usar saltos altos”. Esses actos devem ser classificados como “discriminação sexual ou assédio”. No início de 2019, a japonesa escreveu um tweet onde protestava contra o requisito de usar saltos altos para desempenhar um trabalho num hotel. A publicação tornou-se viral e levou-a a lançar a petição, que já conta com mais de 19 mil assinaturas e pretende chegar às 25 mil: “Percebi que muitas pessoas enfrentavam o mesmo problema”, disse, citada pelo The Guardian.
As impulsionadoras disseram ainda que a exigência é uma espécie de “pés de lótus” (tradição chinesa de modificar o formato dos pés das mulheres) moderno e há quem defenda que os fatos masculinos devem também desaparecer do ambiente de trabalho japonês.
Mas esta não é a primeira petição contra a obrigatoriedade dos saltos altos. Em 2016, a britânica Nicola Thorp reuniu mais de 150 mil assinaturas, depois de ter sido despedida por se ter recusado a usar saltos no seu trabalho como recepcionista. A petição foi analisada pelo Parlamento britânico, que acabou por concluir que a lei que proíbe a discriminação no local de trabalho não era plenamente eficaz.
Em 2015, a organização do Festival de Cinema de Cannes proibiu a entrada de mulheres com sapatos rasos e apesar de, no ano seguinte, Julia Roberts ter descalçado os sapatos em forma de protesto, as regras de dress code não mudaram. Depois dos corpetes, são os saltos altos as amarras modernas das mulheres?