Há mais um templo romano em Lisboa, está escondido na Rua da Saudade
A descoberta está a ser acompanhada pelo Museu de Lisboa - Teatro Romano e diz respeito a pavimentos romanos raros e quase inexistentes em Portugal.
Uma garagem da Rua da Saudade, ao lado do Teatro Romano de Lisboa, esconde aquilo que se presume ser um templo romano. A descoberta do pavimento raro em Portugal deu-se após uma escavação de apenas 50 cm, naquele edifício privado, e foi acompanhada por uma equipa de peritos do Museu de Lisboa.
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Uma garagem da Rua da Saudade, ao lado do Teatro Romano de Lisboa, esconde aquilo que se presume ser um templo romano. A descoberta do pavimento raro em Portugal deu-se após uma escavação de apenas 50 cm, naquele edifício privado, e foi acompanhada por uma equipa de peritos do Museu de Lisboa.
O objectivo era permitir a transformação rés-do-chão do edifício numa garagem mas, dada a proximidade com o Teatro Romano – monumento classificado – a equipa do Museu de Lisboa (ML) realizou os trabalhos de escavação necessários à implementação do novo projecto de engenharia, que são obrigatórios sempre que se trate de locais de potencial valor arqueológico.
Lídia Fernandes, coordenadora do Museu de Lisboa – Teatro Romano, explica que “o que se conservou, em perfeito estado de preservação, foram os negativos deixados pelas placas de pedra na argamassa ainda fresca, aquando da colocação das pedras”. Os motivos ideológicos encontrados, acrescenta, “eram bastante elaborados, integrando motivos centrais delimitados por lajes rectangulares”.
A arqueóloga sublinhou ainda que estão identificados, neste momento, mais de 30 ‘litotipos’ – tipos distintos de pedra. O pavimento que foi encontrado em Lisboa designa-se de opus sectile e não é usual em Portugal. Apesar de os pavimentos da época romana serem muito diversificados, a descoberta mais recente diz respeito a um tipo raro – o único exemplo que regista preservação está, precisamente, no Teatro Romano.
A sectile é uma técnica de ornamentação arquitectónica que consiste no recobrimento de superfícies com placas de mármore ou outros materiais pétreos, cortados em formas geométricas, vegetais ou figuradas e formando composições ornamentais, sendo os motivos mais elaborados e os tipos de pedra mais diversificados.
Tendo em conta a localização da nova descoberta, e tendo em conta também a identificação de uma outra estrutura no edifício contíguo (a nascente) por Irisalva Moita em 1987, estão abertas as portas para a interpretação de se tratar, efectivamente, de um templo romano. “Vários templos existiram na cidade de Felicitas Iulia Olisipo; este, no entanto, é o primeiro com comprovação arqueológica”, afirmou Lídia Fernandes.
O proprietário do imóvel adaptou o projecto de engenharia e arquitectura para garantir que as estruturas romanas não sofressem qualquer afectação e optou, também, pela musealização da área do pavimento, que está a ser acompanhada pelos técnicos do ML – Teatro Romano.
Texto editado por Helena Pereira