Dois dias de jazz numa festa que cruza escolas, estéticas e gerações
A Festa do Jazz mudou-se para o Capitólio, em Lisboa. Este sábado e domingo, alunos e músicos profissionais de todo o país vão ali tocar e trocar experiências.
Organizada pela Sons da Lusofonia, a Festa do Jazz volta a mudar de casa, à 17.ª edição. Do São Luiz, onde esteve larguíssimos anos, passou em 2018 para o Picadeiro do Museu de História Natural e para o Conservatório Nacional, e dali salta agora para o Teatro Capitólio, no espaço do Parque Mayer, onde este fim-de-semana, 1 e 2 de Junho, reunirá as suas “tropas”: alunos de várias escolas do país, músicos de jazz de várias gerações e muita gente ligada ao meio. O Encontro Nacional de Escolas divide-se pelos dois dias, assim com os concertos (estes com entrada paga), que terão lugar na sala principal e também no terraço. A festa termina no domingo com dois concertos, seguidos da entrega dos prémios às escolas participantes e de uma jam session.
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Organizada pela Sons da Lusofonia, a Festa do Jazz volta a mudar de casa, à 17.ª edição. Do São Luiz, onde esteve larguíssimos anos, passou em 2018 para o Picadeiro do Museu de História Natural e para o Conservatório Nacional, e dali salta agora para o Teatro Capitólio, no espaço do Parque Mayer, onde este fim-de-semana, 1 e 2 de Junho, reunirá as suas “tropas”: alunos de várias escolas do país, músicos de jazz de várias gerações e muita gente ligada ao meio. O Encontro Nacional de Escolas divide-se pelos dois dias, assim com os concertos (estes com entrada paga), que terão lugar na sala principal e também no terraço. A festa termina no domingo com dois concertos, seguidos da entrega dos prémios às escolas participantes e de uma jam session.
O saxofonista Carlos Martins, da Associação Sons da Lusofonia, ligado desde sempre à Festa do Jazz, diz sem hesitar que esta “continua a ser o único encontro em Portugal que junta vários sectores do jazz (críticos, júris, editoras, organizações, investigadores, este ano também a Rede Portuguesa de Jazz)”, incluindo “músicos de diferentes quadrantes, porque não tem uma estética única”. E há, acrescenta, outra coisa que o distingue: “A grande vantagem de ser multigeracional. Porque, na área da música, o ‘ao vivo’ tem uma importância extrema; aí percebe-se melhor quais são as respostas dos artistas, dos colegas, dos outros músicos, perante uma situação real. Com a oportunidade de discutir e avaliar o que se está a passar entre uns e outros, de perceber qual é o caminho, no sentido de construir massa crítica que desenvolva também um pensamento teórico, construtivo, composicional.”
O co-fundador da Rede Portuguesa de Jazz Carlos Mendes, da Jobra – Associação de Jovens da Branca, sublinha o relevo que este encontro tem para as escolas: “Faz toda a diferença para os músicos, e uma diferença muito grande para os estudantes de música, quer aqueles que têm oportunidade de lá se apresentar e depois dar o salto, fazer carreira, ganhando prémios e aumentando a sua visibilidade; quer os outros que passam esses dias a desfrutar de um ambiente musical que é altamente estimulante.” Os resultados são palpáveis, afirma: “Tudo isto cria uma dinâmica que é extraordinariamente positiva em termos de aprendizagem e que acaba por influenciar também o trabalho das escolas.”
Carlos Martins, por sua vez, desta uma inovação relativamente a edições anteriores: “Este ano quisemos dar o palco principal aos alunos das escolas, que assim passam a ter o mesmo palco que os profissionais. É uma grande vantagem. Claro que aumenta os níveis de nervosismo, mas é isto que faz falta aos jovens que tocam nestes dias.”
Uma abordagem orgânica
A Festa do Jazz começa este sábado, às 16h, com o Encontro Nacional de Escolas, em que actuarão combos do JB Jazz Clube, da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas do Hot Clube de Portugal, do Curso Profissional de Instrumentista de Jazz da Bemposta/Portimão e da Jahas Rockschool Porto, seguindo-se os das universidades Lusíada de Lisboa e de Évora.
Depois começam os concertos: Diogo Alexandre Quarteto, no terraço (19h30), e Old Mountain + Demian Cabaud e George Dumitriu (21h30) e Manuel Linhares (22h45), ambos na sala principal. Antes destes, pelas 21h, haverá a primeira entrega de prémios.
No domingo, depois da Assembleia Geral da Rede Portuguesa de Jazz (esta só para membros), haverá um showcase da Gerajazz na sala principal (16h), seguido de mais combos das escolas: Art’J – Escola Profissional de Artes Performativas da Jobra, Escola de Jazz do Barreiro, Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, Escola Superior de Música de Lisboa e ESMAE Ensemble. Às 20h, novo concerto no terraço, com Luís Vicente Trio, e dois concertos na sala principal: Isabel Rato Quinteto (22h) e Ensemble Festa do Jazz (22h). A finalizar, entrega de prémios e uma jam session.
O Ensemble Festa do Jazz, diz Pedro Melo Alves, baterista e responsável pela direcção musical do grupo, é “uma edição especial de um conceito que existe desde a génese do festival”. O músico dividiu com Carlos Martins a escolha dos músicos e do repertório, que inclui peças escritas para os ensembles reunidos pela festa ao longo dos últimos 12 anos. Serão tocadas peças de Bernardo Sassetti (1970-2012) e de vários compositores que estarão presentes no concerto: Afonso Pais, André Fernandes, Carlos Azevedo, Carlos Bica, Mário Laginha, Paulo Perfeito, Pedro Moreira, Pedro Guedes e Nelson Cascais.
O ensemble actuará sempre em septeto, com um trio base fixo (João Grilo, piano; Demian Cabaud, contrabaixo; e Pedro Melo Alves, bateria), variando os sopros e as guitarras. No primeiro set, tocarão José Cruz (guitarra), Pedro Jerónimo (trompete), José Pedro Coelho (saxofone) e Tomás Marques (sax alto); e no segundo Pedro Branco (guitarra), Francisco Andrade (sax tenor), João Almeida (trompete) e João Mortágua (saxofone).
“Tudo caras da nova geração, muitos com projectos originais”, nota Pedro Melo Alves. “Uma coisa boa deste ensemble é que ele também é representativo de Portugal, não só de Lisboa, há uma selecção de músicos de Norte a Sul. Quisemos pegar nas novas pessoas que têm marcado novas explorações, novas ideias, abordagens que reflectem as práticas da música contemporânea, de modo a que isto soasse a um jazz do século XXI, numa abordagem orgânica, não tão presa à partitura.”