Chumbadas propostas para afastar Zuckerberg da liderança do Facebook
O fundador da rede social detém 60% das acções com direito a voto no conselho de administração.
Somam-se as preocupações sobre o poder de Mark Zuckerberg no Facebook, mas esta quinta-feira, na reunião anual de investidores da empresa, o fundador voltou a cimentar a sua liderança na rede social.
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Somam-se as preocupações sobre o poder de Mark Zuckerberg no Facebook, mas esta quinta-feira, na reunião anual de investidores da empresa, o fundador voltou a cimentar a sua liderança na rede social.
Várias propostas que podiam ter afastado Zuckerberg da liderança do conselho de administração foram rejeitadas. Mesmo com os porta-vozes das propostas a relembrar as muitas controvérsias que têm atingido a rede social nos últimos tempos, como a dificuldade em travar a proliferação de notícias falsas que em alguns países, como a Birmânia, tem levado ao aumento da violência contra minorias religiosas. Ou as acusações de que o Facebook está a criar conteúdo extremista de forma automática.
Era difícil, no entanto, ser de outra forma: actualmente, Mark Zuckerberg controla cerca de 60% das acções com direito a voto. As acções do Facebook dividem-se em classes distintas e as que são controladas por Mark Zuckerberg e um grupo selecto de pessoas próximas do fundador valem 10 votos cada. Trata-se de um mecanismo corporativo comum que visa garantir que uma empresa mantém o poder de voto concentrado num determinado grupo.
No começo do mês, Chris Hughes, um dos co-fundadores do Facebook, já tinha alertado sobre o excesso de poder de Mark Zuckerberg, que além de deter grande parte do poder de voto no conselho de administração é também o presidente executivo do Facebook (e, como tal, também controla o Instagram e o WhatsApp, que a empresa comprou em 2012 e 2014 respectivamente).
Para Zuckerberg, porém, a solução não é sair do conselho de administração. A resposta, disse, passa pela regulação. “Não devem ser empresas privadas a decidir sobre aquilo que as pessoas devem fazer ou dizer na Internet”, notou Zuckerberg, num discurso no final da votação. “Essa responsabilidade tem de ser dos vários governos.” E acrescentou: “Não é a nossa empresa que deve definir as regras da liberdade de expressão.”
Em resposta a questões dos investidores, o fundador da rede social também confirmou que não tem intenção de deixar o cargo num futuro próximo. Além de Mark Zuckerberg, foram aprovados sete outros membros para o conselho de administração. Peggy Alford, uma vice-presidente do PayPal, que se juntou esta quinta-feira ao grupo, torna-se a primeira mulher afro-americana entre os administradores.
Zuckerberg mantém que a missão do Facebook é “dar voz às pessoas”, e que em discussões sobre a liberdade de expressão “caminha-se sobre uma linha ténue”. Na votação desta quinta-feira foram também rejeitadas outras propostas, incluindo uma que criticava a rede social por não dar mais voz a trabalhadores que se identificavam com políticas conservadoras. Na apresentação da proposta, os apoiantes recordaram o caso do antigo engenheiro do Facebook que criou um grupo na rede social em protesto com o que diz ser uma cultura de intolerância da empresa face a ideias que não sejam de esquerda.
No exterior da reunião, em Menlo Park, na Califórnia, vários manifestantes reuniram-se para apelar aos investidores para “votar não” e destituir Mark Zuckerberg do cargo de liderança do conselho de administração, exibindo balões com o formato de emojis zangados.