Rio defende “acordos estruturais” como “vitais” para desenvolvimento do país
Para o líder do PSD, o problema da abstenção “está na génese do regime que está abalada”.
O líder do PSD, Rui Rio, defendeu nesta sexta-feira que para o desenvolvimento de Portugal “os partidos têm de fazer um esforço” para concretizar “as reformas que só em conjunto” podem alcançar, considerando que os “acordos estruturais são vitais”.
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O líder do PSD, Rui Rio, defendeu nesta sexta-feira que para o desenvolvimento de Portugal “os partidos têm de fazer um esforço” para concretizar “as reformas que só em conjunto” podem alcançar, considerando que os “acordos estruturais são vitais”.
“É evidente que nós não podemos pedir ao CDS que faça um esforço tão grande que chegue às posições do PCP ou o contrário. Em algumas coisas é absolutamente impossível. Mas, há matérias em que é possível e, acima de tudo, há matérias em que é possível mesmo que os consensos não sejam tão alargados, mas razoavelmente consensuais”, sustentou Rui Rio.
O presidente dos sociais-democratas defendeu que para que Portugal consiga “resultados efectivos” em termos de desenvolvimento “todos têm de ser capazes de fazer acordos estruturais absolutamente vitais”.
“Nenhum partido sozinho está capaz de fazer [essas reformas]. Ou os partidos fazem um esforço no sentido de fazerem as reformas que só em conjunto conseguem fazer, só com maiorias alargadas conseguem fazer, ou Portugal não terá essas reformas”, disse Rui Rio que falava no Porto, numa conferência organizada pelo Jornal de Notícias com o título “Portugal ao espelho”.
Ainda dentro da parte do discurso que dedicou à necessidade de consensos, e antes de abordar a taxa de abstenção do último ato eleitoral, o presidente do PSD também considerou a descentralização como “imperiosa no país”, mas apontou que “nenhum partido a faz nem que tenha maioria absoluta”.
“É uma matéria que não pode avançar só com uma maioria de 50% mais um. Tem de existir um consenso nacional alargado”, disse Rio, que tinha começado a sua intervenção apontando que falaria do “estrangulamento” que Portugal sofre a três níveis: “político, económico e social”.
Dentro desta análise, Rui Rio defendeu que “a despesa pública pode ser boa ou pode ser má” e disse que Portugal “não pode ter nenhum modelo de crescimento económico que não tenha em atenção que tem de reduzir quer o endividamento externo, quer o endividamento público”.
“O modelo de crescimento económico que temos de montar tem de ter como base as exportações para puxar o investimento e o consumo. O Estado tem como papel facilitar às empresas a possibilidade de mais investimento e mais exportação. Isto é que é absolutamente vital. É isto que estes três anos e tal, quatro anos, não têm. Não têm políticas públicas suficientemente agressivas”, acusou Rui Rio.
O líder do PSD também abordou o tema da natalidade, considerando “imperioso” que “a partir de Janeiro de 2020 o país se concerte para uma reforma da Segurança Social para resolver o problema das gerações seguintes”.
Rui Rio partiu, depois, para uma análise à relação dos eleitores com a política, usando o exemplo das últimas europeias.
“É verdade que a democracia tem uma vitalidade muito superior à ditadura. No entanto, não podemos tapar o sol com a peneira e é evidente que estes 43 anos desgastaram o regime democrático. Isto passa a ser grave se não tivermos a coragem política de fazer as reformas necessárias que acabem com 60, 65 ou 70% da abstenção”, começou por referir.
Rui Rio fez as contas para concluir que 17 candidaturas no boletim de voto corresponderam a candidatos ecfetivos e suplentes próximos dos 400 nomes.
“E as pessoas não foram lá porquê? Porque os políticos são todos aldrabões e gatunos? Não havia, em 400, um bom? O problema está na génese do regime que está abalada. Ou resolvemos o problema de fundo e conseguimos que as instituições do país tenham credibilidade ou obviamente o afastamento do povo é cada vez maior e isso é o contrário da democracia”, concluiu.