“Baaaaaaaaa bye”: Filipinas devolvem toneladas de lixo ilegal ao Canadá
Após uma longa batalha diplomática, o Governo filipino “festejou” o acontecimento. Canadá acredita que um incidente desta natureza não se voltará a repetir.
Após seis anos de negociações, o Governo das Filipinas anunciou esta sexta-feira, 31 de Maio, que vai devolver lixo plástico proveniente do Canadá em 2014. Os resíduos, ilegalmente identificados para reciclagem, estavam misturados com desperdício doméstico e urbano canadiano. No total, esta irregularidade foi detectada em 69 contentores, somando mais de 1500 toneladas de lixo que acabou enviado, por via marítima, de Vancouver para Manila.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Após seis anos de negociações, o Governo das Filipinas anunciou esta sexta-feira, 31 de Maio, que vai devolver lixo plástico proveniente do Canadá em 2014. Os resíduos, ilegalmente identificados para reciclagem, estavam misturados com desperdício doméstico e urbano canadiano. No total, esta irregularidade foi detectada em 69 contentores, somando mais de 1500 toneladas de lixo que acabou enviado, por via marítima, de Vancouver para Manila.
Wilma Eisma, administradora do Porto de Subic Bay (a Norte de Manila) nas Filipinas, explicou ao The Guardian que aquela quantidade de lixo esteve guardada em vários portos filipinos enquanto o Governo canadiano recusou ter responsabilidades. Eisma considerou esta batalha diplomática um “capítulo sórdido” da história das Filipinas.
A postura do Canadá em relação a este caso gerou protestos de ambientalistas, como a Greenpeace e a EcoWaste Coalition, levados a cabo até ao momento em que os tribunais filipinos ordenaram a devolução dos resíduos, em 2016. No mesmo ano, refere a BBC, o Governo canadiano promulgou alterações à lei de embarque de resíduos considerados perigosos para o exterior, com o objectivo de não repetir um incidente desta natureza.
Os contentores de lixo seguiram caminho para o Canadá esta sexta-feira, 31 de Março, na embarcação M/V Bavaria, que irá chegar a Vancouver nos próximos 20 dias. O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiro das Filipinas recorreu às redes sociais para “celebrar o acontecimento” e “despedir-se” dos contentores de lixo.
“Baaaaaaaaa bye, como nós dizemos. Estou a chorar. Vou ter saudades. Não faz mal. Outro filipino vai encontrar uma maneira de importar outro lote [de lixo]”, disse Teddy Locsin Jr. numa série de publicações acompanhada de fotografias e vídeos com o barco a partir de Manila.
O secretário parlamentar do Ambiente canadiano disse que a resolução deste caso foi “uma demonstração de que o país vai cumprir com as suas obrigações internacionais para lidar com o desperdício que se gera no Canadá”. Sean Fraser garantiu que o Governo tomou rapidamente a decisão de receber de volta o lixo e pagar todos os custos. “Estamos em contacto contínuo com as Filipinas”, país que “demonstrou ter levado esse assunto como uma séria prioridade”, esclareceu a ministra do Ambiente, Catherine McKenna.
As Filipinas e a Malásia são dois dos países do Sudeste Asiático que têm sido mais afectados pela recepção de lixo dos países ocidentais (além do Canadá, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, Austrália e França), algo que se agravou depois de a China ter deixado de importar desperdício plástico em 2018. A importação de lixo de forma ilegal aumentou cerca de 50% e as zonas costeiras destes territórios vão sendo cada vez mais afectadas.
Neste contencioso com o Canadá, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chegou a dizer, há um mês, que iria “declarar guerra ao Canadá”, ameaçando largar o lixo em águas canadianas. Há alguns dias, a Malásia anunciou que ia devolver 450 toneladas de resíduos plásticos a vários países, incluindo Austrália, Bangladesh, Canadá, China, Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos.
“A Malásia não vai ser a lixeira do mundo”, declarou o ministro da Energia, Ambiente e das Ciências malaio, Yeo Bee Yin. “Não nos deixaremos intimidar pelos países desenvolvidos”, sublinhou.