Mais de dois mil idosos desprotegidos ligaram para a linha de apoio da provedora de Justiça
Os idosos realizaram 2557 das 3887 chamadas recebidas pelo Núcleo da Criança, do Idoso e da Pessoa com Deficiência em 2018.
A especial fragilidade dos idosos, a sua desprotecção e privação económica são realidades constatadas pela provedora de Justiça na análise dos motivos das chamadas recebidas na Linha do Cidadão Idoso do organismo.
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A especial fragilidade dos idosos, a sua desprotecção e privação económica são realidades constatadas pela provedora de Justiça na análise dos motivos das chamadas recebidas na Linha do Cidadão Idoso do organismo.
Os seus pedidos de ajuda ou de informação estiveram, na grande maioria, relacionados com a prestação de cuidados de apoio social e de saúde. Para ambas as situações, em 2018, houve 1096 chamadas, em que se pretendeu informação sobre repostas sociais como os centros de dia, o serviço de apoio domiciliário, taxas moderadoras, saúde em geral, transporte de doentes, saúde mental, entre outras.
No total, os idosos foram quem mais recorreu à linha telefónica criada para responder a situações de pessoas especialmente vulneráveis, do Núcleo da Criança, do Idoso e da Pessoa com Deficiência – foram 2557 em 3885 chamadas recebidas em 2018 – e fizeram-no por meios próprios em 1136 dessas chamadas ou através de familiares (em 863 dos casos). Houve 775 atendimentos na Linha da Pessoa com Deficiência e 553 na Linha da Criança.
Na origem de 248 chamadas estiveram situações de maus tratos (76), violência doméstica (39), abuso material e financeiro (27) e ainda negligência de cuidados (106 chamadas).
O documento salienta ainda que apesar de a carência económica apenas ter sido mencionada 21 vezes, ela surge como motivo de contacto noutras situações que sugerem “o mesmo problema da escassez de meios ou mesmo da pobreza”. Acontece em frequentes contactos telefónicos quando são solicitados esclarecimentos sobre os valores das pensões ou das prestações sociais, bem como os seus atrasos. A habitação motivou 92 chamadas (mais 35 do que em 2017), a maioria das quais por dificuldades relacionadas com despejos ou o aumento das rendas.