Jogo online movimentou apostas de 6,7 milhões de euros por dia

Receitas do imposto especial de jogo online subiram para 66,5 milhões de euros em 2019. É no Porto que mais se aposta.

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No futebol, as apostas da Premier League representaram 9,6% em Portugal Reuters/JASON CAIRNDUFF

Os jogos e apostas online renderam em impostos 66,5 milhões de euros no ano passado, crescendo 22,7% em relação a 2017, mostram números do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos (SRIJ), uma estrutura na órbita do Instituto do Turismo de Portugal.

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Os jogos e apostas online renderam em impostos 66,5 milhões de euros no ano passado, crescendo 22,7% em relação a 2017, mostram números do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos (SRIJ), uma estrutura na órbita do Instituto do Turismo de Portugal.

As estatísticas publicadas no site deste organismo, citadas nesta quinta-feira pelo Correio da Manhã, permitem concluir que a média de apostas online nas plataformas licenciadas em Portugal foi de 6,7 milhões de euros por dia. Há nove entidades exploradoras, cuja receita bruta em 2018 foi de 152,1 milhões de euros.

Embora o volume investido — mais de 2400 milhões de euros — se deva na sua grande maioria aos jogos de fortuna ou azar (com uma fatia de 84%) e as apostas desportivas à cota só representem 16%, quando se olha para a receita bruta há um equilíbrio entre estes dois segmentos da actividade. Dos 152 milhões alcançados, 51,8% têm origem nas apostas desportivas, cabendo os restantes 48,2% aos jogos de fortuna ou azar.

Quanto ao imposto especial de jogo online, os dados do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos mostram uma distribuição assimétrica, com as apostas desportivas a assumirem 77,6% do total (permitindo uma receita fiscal de 51,6 milhões de euros), ao mesmo tempo em que os outros jogos valeram 22,4% (14,9 milhões).

Quem mais o faz são cidadãos da faixa etária entre os 25 e os 34 anos (representaram 39%); em segundo aparecem os indivíduos da faixa inferior, a dos 18 aos 24 anos (25% do total). A partir daí, verifica-se que há menos apostas entre quem é mais velho. Quem tem entre 35 a 44 representou 23%; a fatia seguinte até aos 54 anos já só representou 9% e ainda menos quem tem mais de 55 anos (4%).

Porto aposta mais. E o futebol reina

Em Portugal, onde é que mais se aposta? Há quatro principais blocos: Porto, em primeiro, com 21,7%; Lisboa, com 19,6%; Braga, com 9,5%; e Setúbal, com 8,1%.

Olhando para a distribuição do tipo de apostas, é expressivo, no caso do desporto, o peso do futebol, modalidade que vale quase três quartos do total (73,8%). Segue-se o basquetebol (com 11,9%), o ténis (7,4%), o hóquei no gelo (3,6%), correspondendo os restantes 3,3% à soma das outras modalidades.

Entre os jogos de fortuna e azar, a grande aposta está nas máquinas de jogo (com perto de dois terços, 61,6%); segue-se a roleta russa (14%), o póquer não bancado (10,6%), o blackjack/21 (8,5%) e o póquer em modo torneio (5,3%).

Outras estatísticas já divulgadas anteriormente pela SRIJ relativas aos últimos três meses de 2018 permitiam ver quais as competições em que mais se apostava no futebol: a Premier League e a Primeira Liga portuguesa surgiam em primeiro, taco a taco, a valerem 9,6% e 9,3% do volume de apostas, acompanhadas pela Liga dos Campeões, com um peso de 8,6%.

No basquetebol, sem surpresa, a NBA é a competição mais chamativa (captou perto de 60% das apostas). No ténis, ainda no quarto trimestre do ano passado, os torneios Masters de Paris e de Xangai foram os que reuniram mais transacções (8,3% e 6,4%).

Em 2018 havia nove entidades a explorar jogos online, estando de pé 15 licenças (sete para explorar apostas desportivas e oito para o outro tipo de jogos).

Prevenir lavagem de dinheiro

Num sector que movimenta milhares de milhões de euros em muitos países, a prevenção da lavagem de dinheiro é uma das preocupações que tem crescido a nível europeu.

Esse foi um tema que não passou em branco na comissão especial do Parlamento Europeu dedicada ao combate aos crimes fiscais, de onde saiu, no seu último relatório aprovado em plenário, uma recomendação para que a Comissão Europeia apresentasse uma “avaliação das implicações das actividades de jogo electrónico para o branqueamento de capitais e os crimes fiscais”.

No documento, os deputados constatavam que o negócio tem vindo a crescer nalgumas jurisdições, incluindo em “certas dependências da Coroa britânica, como a Ilha de Man, onde o jogo electrónico representa já 18% do rendimento nacional”.