Salvini rejeita eleições antecipadas e Di Maio testa apoio do 5 Estrelas

Luigi Di Maio enfrenta na quinta-feira uma moção de confiança online dos militantes do seu partido, que o responsabilizam pelo desastre das europeias.

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A derrota nas eleições europeias gerou contestação interna a Luigi Di Maio Ciro De Luca / Reuters

O ministro italiano do Interior e líder da Liga, Matteo Salvini, rejeitou a marcação de eleições antecipadas e garantiu querer continuar a trabalhar com o Movimento 5 Estrelas, o seu parceiro de coligação no Governo.

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O ministro italiano do Interior e líder da Liga, Matteo Salvini, rejeitou a marcação de eleições antecipadas e garantiu querer continuar a trabalhar com o Movimento 5 Estrelas, o seu parceiro de coligação no Governo.

Salvini falou poucos dias depois das eleições europeias, que inverteram o tabuleiro político italiano e ameaçam deixar marcas no executivo. A Liga, de extrema-direita, obteve 34,3% dos votos no domingo, mais do dobro do 5 Estrelas, que conseguiu apenas 17,1%, ficando em terceiro lugar, atrás do Partido Democrático, de centro-esquerda.

O panorama é quase uma inversão dos resultados das eleições nacionais do ano passado que produziram a actual coligação governamental.

O líder do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, disse na quarta-feira que pretende submeter-se a uma moção de confiança interna, depois de ter sido o principal alvo das críticas de membros do partido. Na quinta-feira irá haver uma votação online, numa plataforma própria, disse Di Maio, que é também vice-primeiro-ministro.

“Hoje, tenho o direito de saber o que pensam das minhas acções. Quero ouvir a voz dos cidadãos que me elegeram como líder político há alguns anos”, afirmou.

Desde domingo que Salvini tem actuado como se fosse já primeiro-ministro, prometendo cortes de impostos e exigindo uma cimeira da União Europeia para mudar as regras orçamentais - nesta quarta-feira Bruxelas vai enviar para Roma uma carta sobre a deteriorização das finanças públicas italianas e sobre a possibilidade de abrir procedimentos disciplinares.

Enquanto isso, Di Maio tem estado sob ataque pelo próprio partido.

O senador Gianluigi Paragone, do 5 Estrelas, acusou Di Maio de ter muitos poderes no partido e demasiadas funções no Governo. “Para agir como um Super-Homem, é preciso demonstrar que se é um”, disse ao jornal Corriere della Sera.

Para além da liderança do partido e do cargo de vice-primeiro-ministro, Di Maio é também ministro da Indústria e do Trabalho.

Esta quarta-feira à noite, os ministros e deputados do 5 Estrelas vão reunir-se para discutir o fracasso eleitoral e estratégia para responder a Salvini, que é também vice-primeiro-ministro e quer dirigir a agenda governamental.

O 5 Estrelas enfrenta um dilema delicado. Se ceder às exigências da Liga, arrisca perder ainda mais apoio entre o eleitorado, mas se não o fizer, poderá provocar a queda do Governo e novas eleições, que provavelmente irão beneficiar Salvini.

“Não parei de trabalhar nos últimos seis anos e penso que sempre honrei as minhas funções, sempre prestando contas aos membros do movimento e aos activistas”, afirmou Di Maio.

Quando chegou à liderança do partido, em Setembro de 2017, Di Maio era visto como um fantoche do fundador do movimento, o comediante Beppe Grillo, mas rapidamente consolidou o seu poder, enquanto Grillo desapareceu da política. Nas eleições de Março do ano passado, o 5 Estrelas conseguiu quase o dobro dos votos dos restantes partidos, porém, a pretensão de Di Maio em ser nomeado primeiro-ministro foi vetada por Salvini durante as negociações para formar a coligação.

A escolha de compromisso recaiu em Giuseppe Conte, um ex-académico próximo do 5 Estrelas, mas que não pertence a qualquer dos dois partidos.