Fechou o jornal lisboeta O Corvo
Falta de financiamento dita o fim da publicação independente que, durante seis anos, acompanhou a vida política, social e cultural da capital
O jornal online O Corvo, dedicado à cidade de Lisboa, encerrou esta quarta-feira por não conseguir suportar mais o “sufoco financeiro” em que viveu nos últimos anos. “O Corvo cessa hoje a sua publicação. O fim chega por não termos conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira indispensável à continuidade do jornal. Apesar dos esforços desenvolvidos desde o início do projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos dois anos, após o renovado impulso nascido de uma reconfiguração do capital da empresa, esgotámos a capacidade para continuar a fazer jornalismo independente”, lê-se no texto de despedida da direcção do jornal.
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O jornal online O Corvo, dedicado à cidade de Lisboa, encerrou esta quarta-feira por não conseguir suportar mais o “sufoco financeiro” em que viveu nos últimos anos. “O Corvo cessa hoje a sua publicação. O fim chega por não termos conseguido encontrar forma de garantir a sustentabilidade financeira indispensável à continuidade do jornal. Apesar dos esforços desenvolvidos desde o início do projecto, a 1 de Março de 2013, e com especial vigor nos últimos dois anos, após o renovado impulso nascido de uma reconfiguração do capital da empresa, esgotámos a capacidade para continuar a fazer jornalismo independente”, lê-se no texto de despedida da direcção do jornal.
“Lutámos, lutámos, lutámos, mas não foi possível manter o projecto”, diz ao PÚBLICO o director da publicação, Samuel Alemão, que, há seis anos, fundou esta publicação com mais dois antigos jornalistas do PÚBLICO, que acompanhavam sobretudo as áreas de informação local — Fernanda Ribeiro e Francisco Neves, o primeiro editor da secção Local Lisboa deste jornal.
“Havia uma lacuna a colmatar no jornalismo sobre a cidade de Lisboa que acabava por apresentar um lado mais redutor da cidade”, nota Samuel Alemão. Por isso, o jornalista recorda que O Corvo nasceu “da constatação de que cada vez se produz menos noticiário local. A crise da imprensa tem a ver com esse afastamento dos media relativamente às questões da cidadania quotidiana. Em paralelo, se as tecnologias cada vez mais o permitem, cada vez menos os cidadãos são chamados a pronunciar-se e a intervir na resolução dos problemas que enfrentam”.
Desde a sua fundação, o jornal tentou sempre ir além das “trivialidades” e aprofundar os temas que mexem com a vida dos lisboetas, publicando diariamente artigos e reportagens sobre questões sociais, políticas e económicas que marcavam a actualidade da capital. “A Lisboa de 2013 é muito diferente da de 2019, tendo vindo a assistir a imensas e profundas transformações, umas positivas e outras negativas”. O jornal foi acompanhando este período de profundas mudanças na cidade, entre o boom do turismo ou a crise de habitação e os problemas que daí surgiram.
“Fica sempre um sabor amargo por não termos conseguido manter o projecto”, lamenta Samuel Alemão. O director deixa ainda uma palavra de agradecimento às dezenas de pessoas que colaboraram com o jornal ao longo dos anos.