BE questiona Governo sobre operação do fisco de controlo a condutores
Deputadas Mariana Mortágua e Sandra Cunha duvidam “seriamente” da legalidade desta operação no que diz respeito à “proporcionalidade de actuação da Autoridade Tributária”.
O BE questionou esta terça-feira os ministérios das Finanças e da Administração Interna sobre a operação do fisco de controlo a condutores, entretanto cancelada pelo secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, manifestando surpresa com uma acção em “clima de perseguição”.
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O BE questionou esta terça-feira os ministérios das Finanças e da Administração Interna sobre a operação do fisco de controlo a condutores, entretanto cancelada pelo secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, manifestando surpresa com uma acção em “clima de perseguição”.
“Foi com surpresa que o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda tomou conhecimento através da comunicação social da iniciativa da Autoridade Tributária (AT), em colaboração com a GNR, denominada ‘Acção sobre Rodas’, que tinha por fim a cobrança de dívidas às Finanças através da intercepção de veículos automóveis”, pode ler-se na pergunta dirigida aos dois ministérios.
As deputadas bloquistas Mariana Mortágua e Sandra Cunha condenam o “clima de perseguição que esta iniciativa promove, até pela ausência de informações sobre a mesma”, duvidando “seriamente da sua legalidade nomeadamente no que diz respeito à proporcionalidade de actuação da AT”.
Apesar de, entretanto, o secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, ter ordenado o cancelamento desta acção, o BE defende que “há questões que importa esclarecer”.
Assim, os bloquistas pretendem saber se os ministérios das Finanças e da Administração Interna tiveram previamente “conhecimento desta situação” e se, “em algum momento, foi dada orientação à AT que justifique uma iniciativa como esta”.
“Quem definiu esta iniciativa e quais os seus fundamentos e as razões de proporcionalidade, equidade e legalidade”, perguntam ainda.
Em concreto, o BE quer que o Governo esclareça “em que situação estavam os processos de recuperação de dívida dos indivíduos interceptados” e “que tipo de dívidas justificam esta intercepção”.
“Como se acautelou os direitos dos/as cidadãos/ãs a um processo justo e com contraditório e à privacidade dos seus dados pessoais”, interrogam ainda, pretendendo ver esclarecido quem “ordenou à GNR que ficasse adstrita a esta operação”.
O secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, ordenou esta terça-feira o cancelamento de uma acção de fiscalização conjunta da Autoridade Tributária e Aduaneira e da GNR a condutores em Alfena, Valongo, visando a cobrança de dívidas fiscais.
A indicação deste cancelamento foi adiantada à Lusa por fonte oficial do Ministério das Finanças, que acrescentou que a referida acção não foi definida centralmente pela AT.
Cerca de 20 elementos da AT e dez da GNR promoveram durante a manhã de hoje uma acção de fiscalização de condutores, visando a cobrança de dívidas fiscais.
Segundo adiantou à Lusa, fonte da AT no local, a iniciativa, denominada “Acção sobre Rodas”, passa por “interceptar condutores com dívidas às Finanças, convidá-los a pagar e dar-lhes essa oportunidade de pagarem”.
“Se não tiverem condições de pagar no momento, estamos em condições de penhorar as viaturas”, disse.