Houve mais 29 mil eleitores portugueses do que em 2014

Aumento do número de inscritos nos cadernos eleitorais inflacionou a taxa da abstenção, embora em números absolutos tenham votado mais eleitores.

Fotogaleria

Apesar de as eleições europeias deste domingo terem alcançado um recorde na abstenção, de 68,60%, com uma participação de 31,01%, foram mais os portugueses que foram às urnas exercer o seu direito de voto do que os que compareceram às mesas eleitorais em 2014. Os resultados referidos são ainda provisórios, uma vez que faltam apurar os votos em sete consulados.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Apesar de as eleições europeias deste domingo terem alcançado um recorde na abstenção, de 68,60%, com uma participação de 31,01%, foram mais os portugueses que foram às urnas exercer o seu direito de voto do que os que compareceram às mesas eleitorais em 2014. Os resultados referidos são ainda provisórios, uma vez que faltam apurar os votos em sete consulados.

Não há qualquer contradição entre estes dois dados. A explicação para o que pode parecer um paradoxo é simples. O número de cidadãos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais aumentou este ano em mais cerca de 1,2 milhões de eleitores.

Um resultado fruto dos que pela primeira vez tinham idade para ir às urnas neste século. E, também, com as novas regras de recenseamento para os portugueses residentes fora de Portugal, cuja presença no estrangeiro, a partir de 2011 devido à intervenção da troika, não tinha sido registada nos serviços consulares dos países de acolhimento.

É à luz desta malha que os resultados têm de ser considerados. Contas feitas, neste domingo foram 3.312.692 os votantes, quando há cinco anos os que fizeram a sua opção de voto para as eleições ao Parlamento Europeu foram 3.283.610. Ou seja, neste 26 de Maio, houve um pouco mais de 29 mil votantes.

Apesar destas considerações, a verdade é que a taxa de abstenção tem vindo a subir regularmente desde as primeiras eleições europeias de 1987, que coincidiram, aliás, com legislativas antecipadas após a aprovação da moção de censura ao Governo minoritário de Cavaco Silva. Em 1989, a abstenção subiu para 48,90% para, cinco anos depois, dar um salto para 64,46%. Desde os 60,07% de 1999, a linha da abstenção foi sempre ascendente, situando-se em 2014 em 65,34%. A percentagem de abstenção é obtida pelo número de votantes sobre o corpo eleitoral.

Este historial do comportamento eleitoral dos cidadãos eleitores portugueses para as europeias mereceu comentários aos dirigentes partidários e sucessivos apelos à participação eleitoral do Presidente da República.

Entre os 28 países da União Europeia que escolheram os seus deputados para o Parlamento Europeu, a abstenção registada em Portugal foi a sexta mais elevada. Segundo os dados provisórios relativos à participação por países divulgados na manhã desta segunda-feira pelo Parlamento Europeu, as piores taxas de abstenção vêm do Leste: Eslováquia, com 77,26%, seguida da Eslovénia, de 71,71%, e da República Checa, 71,28%. Por outro lado, os abstencionistas na Croácia foram 70,35% do corpo eleitoral, enquanto 69,17% dos búlgaros não foram às urnas.

Contudo, mais uma vez, é preciso ponderar outros factores. Dois dos países da UE com maior taxa de participação e menos abstencionistas nas eleições deste domingo foram a Bélgica e o Luxemburgo, onde o voto é obrigatório. E, por fim, em Espanha, a ida às urnas de 26 de Maio conheceu forte mobilização, pois também se votavam os governos de 12 das 17 comunidades, e decorriam as eleições municipais.