Cinco vencedores e cinco vencidos
Quem ganhou e quem perdeu nas eleições deste domingo.
VENCEDORES
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VENCEDORES
António Costa
O primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, é um dos vencedores da noite. Ganha as europeias com um resultado confortável, ultrapassando por pouco o resultado de António José Seguro há cinco anos, que então classificou como uma “vitória poucochinha”. Mas a noite correu-lhe bem, sobretudo ao ver o PSD ser atirado para um historicamente inédito resultado e o CDS a ser também derrotado. António Costa tinha pedido que as europeias fossem um referendo ao Governo e ganhou-o. S.J.A.
Pedro Marques
O cabeça de lista do PS foi levado em ombros pelo primeiro-ministro durante toda a campanha e também o foi, literalmente, no último dia, no final da arruada na Baixa lisboeta. Pedro Marques não foi um candidato tradicional, não criou uma empatia especial com os portugueses, nem fez uma campanha de afectos — é dono de uma certa timidez —, mas, para efeitos de memória futura, o resultado que o PS obteve nestas eleições ficará associado a uma cara: a de Pedro Marques. S.S.
André Silva
A eleição de Francisco Guerreiro para o Parlamento Europeu é uma vitória do próprio, claro, mas é sobretudo uma vitória de André Silva. O deputado único e líder do PAN tem sido o rosto e a voz da afirmação de um partido de facto diferente. Nestas eleições, o PAN mais do que duplicou o número de votos que teve nas legislativas de 2015 e triplicou os obtidos nas últimas europeias. A confirmar-se esta tendência de crescimento, pode tornar-se decisivo na próxima legislatura nacional. L.B.
Marisa Matias
O BE duplicou a votação obtida nas últimas europeias e, por consequência, a representação no Parlamento Europeu. A principal responsável por esta performance é Marisa Matias. Reconhecida pelo seu trabalho no Parlamento Europeu, a eurodeputada fez uma campanha empática, assertiva e tranquila, sem precisar de gritar e ofender o adversário. A seu lado, Catarina Martins partilha a vitória. A afirmação do BE como o terceiro partido mais votado é clara e consistente. L.B.
Abstenção
Quase 70%. Nenhum outro partido ficou neste domingo perto do resultado da abstenção, nem sequer se juntarmos a esquerda toda (PS, BE e CDU) num só número. Ao todo, em cada dez portugueses, sete não foram às urnas, e isso levou a que o ano de 2019 entrasse para o topo da lista dos anos eleitorais mais negros. A abstenção é uma vencedora, nestas eleições, ao contrário da democracia. Os eleitores estão cada vez mais longe dos eleitos, e ainda mais dos que são eleitos para o Parlamento Europeu. S.S.
VENCIDOS
Paulo Rangel
Paulo Rangel é um dos derrotados da noite das europeias. Mesmo que estivesse preparado para descontar a percentagem do CDS (cerca de 7%) aos resultados da coligação PSD-CDS em 2014, o líder da lista do PSD admitiu que os objectivos “não foram cumpridos”. O PSD mantém o mesmo número de eurodeputados (seis), mas a votação é historicamente baixa para o partido (só em 1999 verificou um resultado tão baixo ao obter 31,1%). O próprio Rangel conseguiu um melhor resultado em 2009 quando liderou, pela primeira vez, a lista do PSD ao Parlamento Europeu, e obteve 31,7%. S.R.
Rui Rio
O líder do PSD assumiu que não valia a pena “fazer floreados”: o PSD não atingiu os objectivos. Mas foi mais do que isso. Ficou cerca de dez pontos atrás do PS. Rui Rio disse que o partido tem de aprender com os erros (e não explicitou quais) e garantiu estar em condições de levar o partido às legislativas. Mas entre os sociais-democratas mais críticos de Rui Rio o optimismo é muito pouco sobre a capacidade de o partido recuperar força até Outubro. Só depois deverá haver uma avaliação interna da liderança. S.R.
Pedro Santana Lopes
O fundador e líder da Aliança tinha traçado como meta eleger dois eurodeputados. Nem um elegeu, mas Pedro Santana Lopes não desarmou. Na noite eleitoral, o ex-líder do PSD lembrou que o novo partido nasceu há poucos meses e que o trabalho é contínuo. E relançou o desafio para uma “convergência” no centro-direita para travar mais um governo apoiado pela esquerda em Outubro. S.R.
Nuno Melo
O cabeça de lista pelo CDS assumiu a responsabilidade pessoal por não ter conseguido que o partido atingisse o objectivo de eleger um segundo eurodeputado. Na hora de assumir o resultado do CDS, Nuno Melo não conseguiu disfarçar o seu constrangimento por ter ficado aquém da meta traçada e numa campanha em que quis recolocar o partido à direita em contrapé com o posicionamento da líder. Assunção Cristas adoptou sempre uma postura mais pragmática, dispensando a ideologia nas soluções que apresenta. Ao lado de Nuno Melo, Assunção Cristas também assumiu que não atingiu os objectivos traçados. S.R.
João Ferreira
A derrota da CDU é enorme: perdeu cerca de 200 mil votos, metade dos que obteve em 2014. Perdeu o terceiro lugar para o bloco e ficou à frente do CDS por décimas. Confirma a tendência de quebra acentuada que os comunistas já conheceram nas autárquicas e é uma derrota pesada, tanto para o cabeça de lista como para o líder do partido. Jerónimo de Sousa bem o disse: é um sinal de alerta. Não é o primeiro, mas, no entanto, o discurso da CDU manteve-se exactamente o mesmo. L.B.